Justiça Energética: mudanças entre as edições
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{{#evu:https://www.youtube.com/watch?v=fDrbqBNZcvo&t}} | {{#evu:https://www.youtube.com/watch?v=fDrbqBNZcvo&t}} | ||
== Conceitos == | == Conceitos == | ||
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“A justiça energética busca explorar tanto a produção quanto o consumo”, eles escrevem, pedindo que o desafio energético que enfrentamos globalmente seja tratado como um obstáculo político e socioeconômico, para além da mera ciência e por meio de uma abordagem centrada no ser humano. Em suma, “como distribuímos os benefícios e encargos dos sistemas de energia é uma preocupação preeminente para qualquer sociedade que aspira ser justa”. | “A justiça energética busca explorar tanto a produção quanto o consumo”, eles escrevem, pedindo que o desafio energético que enfrentamos globalmente seja tratado como um obstáculo político e socioeconômico, para além da mera ciência e por meio de uma abordagem centrada no ser humano. Em suma, “como distribuímos os benefícios e encargos dos sistemas de energia é uma preocupação preeminente para qualquer sociedade que aspira ser justa”. | ||
=== Justiça distributiva === | [[File:Proprietário de bar mostra conta de luz escandalosamente superfaturada em Rio das Pedras, na Zona Oeste, em 2018..jpg|thumb|center|500px]] | ||
=== Justiça distributiva: Quem tem acesso? Quem paga? === | |||
Considerar a justiça distributiva significa olhar para as desigualdades no modo como a energia é distribuída, incluindo o acesso desigual à energia entrelaçado com questões de raça, territórios específicos e renda, bem como distribuição desigual, [http://bit.ly/31mfzWw do fardo do aumento de preços], nos orçamentos familiares. Seja pelo alto custo financeiro para acessar esse serviço necessário ou por conviver com poluição perto da fonte de produção de energia, as comunidades de baixa renda tendem a pagar um preço desproporcional. | Considerar a justiça distributiva significa olhar para as desigualdades no modo como a energia é distribuída, incluindo o acesso desigual à energia entrelaçado com questões de raça, territórios específicos e renda, bem como distribuição desigual, [http://bit.ly/31mfzWw do fardo do aumento de preços], nos orçamentos familiares. Seja pelo alto custo financeiro para acessar esse serviço necessário ou por conviver com poluição perto da fonte de produção de energia, as comunidades de baixa renda tendem a pagar um preço desproporcional. | ||
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Os autores consideram casos como um esforço para descarbonizar o setor de energia da Alemanha, que beneficiou os produtores de energia por meio de tarifas excepcionais, enquanto [https://bit.ly/372lINz colocava pressão financeira extra nas comunidades de baixa renda]. Outro exemplo de observação sobre justiça energética, em relação a distribuição, considera que algumas populações podem precisar de mais energia do que outras. Há um reconhecimento crescente na Inglaterra, no País de Gales e na Escócia, por exemplo, de que grupos como os idosos e doentes crônicos precisam ter temperaturas ambientes acima da média [assim demandando mais energia para aquecer ambientes frios]. | Os autores consideram casos como um esforço para descarbonizar o setor de energia da Alemanha, que beneficiou os produtores de energia por meio de tarifas excepcionais, enquanto [https://bit.ly/372lINz colocava pressão financeira extra nas comunidades de baixa renda]. Outro exemplo de observação sobre justiça energética, em relação a distribuição, considera que algumas populações podem precisar de mais energia do que outras. Há um reconhecimento crescente na Inglaterra, no País de Gales e na Escócia, por exemplo, de que grupos como os idosos e doentes crônicos precisam ter temperaturas ambientes acima da média [assim demandando mais energia para aquecer ambientes frios]. | ||
=== Justiça de reconhecimento === | === Justiça de reconhecimento: Quem está incluído, tomando decisões e como? === | ||
Considerar o aspecto do reconhecimento na justiça energética significa examinar quem—e que tipo de conhecimento—foi consultado na instalação de um sistema de energia. [http://bit.ly/39LFo7N Comunidades tradicionalmente marginalizadas foram reconhecidas e incluídas]? Os autores escrevem sobre um caso na Escócia em que comunidades locais se opuseram a um projeto eólico comercial. Em vez disso, eles construíram um sistema gerenciado pela comunidade, que alcançou a meta de energia limpa para a região com a adesão local. A justiça energética por meio do reconhecimento foi feita. A justiça de reconhecimento é mais do que mera tolerância: ela aponta para a necessidade de reconhecer as perspectivas divergentes enraizadas nas diferenças sociais, culturais, étnicas, raciais e de gênero. | Considerar o aspecto do reconhecimento na justiça energética significa examinar quem—e que tipo de conhecimento—foi consultado na instalação de um sistema de energia. [http://bit.ly/39LFo7N Comunidades tradicionalmente marginalizadas foram reconhecidas e incluídas]? Os autores escrevem sobre um caso na Escócia em que comunidades locais se opuseram a um projeto eólico comercial. Em vez disso, eles construíram um sistema gerenciado pela comunidade, que alcançou a meta de energia limpa para a região com a adesão local. A justiça energética por meio do reconhecimento foi feita. A justiça de reconhecimento é mais do que mera tolerância: ela aponta para a necessidade de reconhecer as perspectivas divergentes enraizadas nas diferenças sociais, culturais, étnicas, raciais e de gênero. | ||
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Erros no reconhecimento acontecem devido a: “dominação cultural e política, ausência de reconhecimento e desrespeito… [e] uma tendência de longa data em estereotipar aqueles que ‘têm menos’ e seu uso ‘ineficaz’ de energia e recursos monetários… [Estas pessoas] foram tipicamente tratadas como sofrendo de um ‘déficit de conhecimento’ por iniciativas focadas em fornecer informação, subsídios econômicos e outros incentivos para o aumento da eficiência energética… porém quase não houve tentativas de desvendar as motivações por trás dos seus padrões de consumo, ou mesmo tentativas de envolvimento com suas interpretações de questões relacionadas à energia, quais melhorias e estratégias eles imaginam. Essa falha em reconhecer grupos específicos não apenas cria injustiça, mas também pode levar à perda de conhecimentos, valores e histórias potencialmente benéficas, à medida que perdemos as percepções de grupos sociais marginalizados.” | Erros no reconhecimento acontecem devido a: “dominação cultural e política, ausência de reconhecimento e desrespeito… [e] uma tendência de longa data em estereotipar aqueles que ‘têm menos’ e seu uso ‘ineficaz’ de energia e recursos monetários… [Estas pessoas] foram tipicamente tratadas como sofrendo de um ‘déficit de conhecimento’ por iniciativas focadas em fornecer informação, subsídios econômicos e outros incentivos para o aumento da eficiência energética… porém quase não houve tentativas de desvendar as motivações por trás dos seus padrões de consumo, ou mesmo tentativas de envolvimento com suas interpretações de questões relacionadas à energia, quais melhorias e estratégias eles imaginam. Essa falha em reconhecer grupos específicos não apenas cria injustiça, mas também pode levar à perda de conhecimentos, valores e histórias potencialmente benéficas, à medida que perdemos as percepções de grupos sociais marginalizados.” | ||
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=== Justiça procedimental === | === Justiça procedimental: O procedimento é colaborativo e transparente? === | ||
A justiça procedimental relacionada à energia é alcançada quando os formuladores de políticas públicas trabalham efetivamente ao lado de [http://bit.ly/2snzPLD comunidades locais, implementando sistemas de energia mais justos]. A mobilização do conhecimento local é extremamente importante, dada a sensibilidade das comunidades locais aos seus ecossistemas e história territorial acumulado ao longo de décadas. A justiça procedimental vai além do [http://bit.ly/EscadaParticipacao tokenismo] (a mera presença física das comunidades locais nos espaços de tomada de decisões). Ela incorpora conhecimentos que podem ter impactos significativos sobre políticas bem-sucedidas. Na Noruega, por exemplo, os povos indígenas Sami trabalharam com planejadores, compartilhando seus conhecimentos sobre os movimentos das populações de renas para determinar melhor a localização das turbinas eólicas. | A justiça procedimental relacionada à energia é alcançada quando os formuladores de políticas públicas trabalham efetivamente ao lado de [http://bit.ly/2snzPLD comunidades locais, implementando sistemas de energia mais justos]. A mobilização do conhecimento local é extremamente importante, dada a sensibilidade das comunidades locais aos seus ecossistemas e história territorial acumulado ao longo de décadas. A justiça procedimental vai além do [http://bit.ly/EscadaParticipacao tokenismo] (a mera presença física das comunidades locais nos espaços de tomada de decisões). Ela incorpora conhecimentos que podem ter impactos significativos sobre políticas bem-sucedidas. Na Noruega, por exemplo, os povos indígenas Sami trabalharam com planejadores, compartilhando seus conhecimentos sobre os movimentos das populações de renas para determinar melhor a localização das turbinas eólicas. | ||
