Comércio varejista de drogas pós-UPP: mudanças entre as edições

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'''Autora: Palloma Menezes'''
'''Autora: [https://wikifavelas.com.br/index.php?title=Usuário:Palloma Palloma Menezes]'''
 
'''Trecho de artigo publicado originalmente em: '''[http://www.revistas.usp.br/ts/article/view/133202 http://www.revistas.usp.br/ts/article/view/133202]


= Momento inicial das primeiras UPPs =
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De forma resumida, é possível afirmar que, passados os primeiros anos após a inauguração das Upps, parece ter havido redefinições nas negociações de “mercadorias políticas” (Misse, 2007) em áreas “pacificadas”. Se antes traficantes de uma certa favela conseguiam pagar para ter o “alvará de funcionamento” (Barbosa, 2012) de todas as bocas de fumo de uma favela e, consequentemente, ter a liberdade de atuar por todo o território “arregrado” por um certo período de tempo (por uma semana por exemplo), passados os primeiros anos de “pacificação”, essas negociações pareciam acontecer muito mais no varejo (dependendo do plantão) e serem mais circunscritas espaço-temporalmente, isto é, relativas a uma porção muito bem deli mitada dentro do território, como uma rua específica, e a um determinado período bem delimitado de horas. Durante uma entrevista realizada no início de 2016, um PM apontou que as negociações de “arrego” além de acontecerem “por baixo” (negociados diretamente com os “praças” de cada turno), mais recentemente também voltaram a acontecer, como antes da Upp, “por cima” (negociados com “oficiais”). Embora custasse mais caro, o “fechamento por cima” seria mais vantajoso porque o comandante ofereceria uma estrutura de trabalho melhor para os traficantes. Isso porque, tendo autonomia para “congelar” todas as viaturas da favela, o comandante não permitirá que policiais circulassem e atuassem em nenhuma área de determinado território “pacificado”. 
De forma resumida, é possível afirmar que, passados os primeiros anos após a inauguração das Upps, parece ter havido redefinições nas negociações de “mercadorias políticas” (Misse, 2007) em áreas “pacificadas”. Se antes traficantes de uma certa favela conseguiam pagar para ter o “alvará de funcionamento” (Barbosa, 2012) de todas as bocas de fumo de uma favela e, consequentemente, ter a liberdade de atuar por todo o território “arregrado” por um certo período de tempo (por uma semana por exemplo), passados os primeiros anos de “pacificação”, essas negociações pareciam acontecer muito mais no varejo (dependendo do plantão) e serem mais circunscritas espaço-temporalmente, isto é, relativas a uma porção muito bem deli mitada dentro do território, como uma rua específica, e a um determinado período bem delimitado de horas. Durante uma entrevista realizada no início de 2016, um PM apontou que as negociações de “arrego” além de acontecerem “por baixo” (negociados diretamente com os “praças” de cada turno), mais recentemente também voltaram a acontecer, como antes da Upp, “por cima” (negociados com “oficiais”). Embora custasse mais caro, o “fechamento por cima” seria mais vantajoso porque o comandante ofereceria uma estrutura de trabalho melhor para os traficantes. Isso porque, tendo autonomia para “congelar” todas as viaturas da favela, o comandante não permitirá que policiais circulassem e atuassem em nenhuma área de determinado território “pacificado”. 


Referências Bibliográficas
= Referências Bibliográficas =


Abbott, Andrew. (2001), Time matters: on theory and method. Chicago, University of Chicago Press.
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Menezes, Palloma. (2016), “La ‘pacification’ et ses rumeurs: les incidences des Unités de Police Pacificatrices sur les problèmes publics dans les favelas de Rio de Janeiro”. Contextes, 28: 1-16.
Menezes, Palloma. (2016), “La ‘pacification’ et ses rumeurs: les incidences des Unités de Police Pacificatrices sur les problèmes publics dans les favelas de Rio de Janeiro”. Contextes, 28: 1-16.


Menezes, Palloma & Corrêa, Diogo (no prelo). “From disarmament to rearmamento: elements for a sociology of critique of Pacifying Police Unit”. Vibrant. Menezes et al. (2017), “A pobreza turística no mercado de pacificação: reflexões a partir da experiência da Favela Santa Marta”. Cadernos do crh, 29: 571-586.
Menezes, Palloma, & Corrêa, Diogo. (2017). “From disarmament to rearmamento: elements for a sociology of critique of Pacifying Police Unit Program”. ''Vibrant: Virtual Brazilian Anthropology'', ''14''(3).
 
Menezes et al. (2017), “A pobreza turística no mercado de pacificação: reflexões a partir da experiência da Favela Santa Marta”. Cadernos do crh, 29: 571-586.


Misse, Michel. (2006), Crime e violência no Brasil contemporâneo: estudos de sociologia do crime e da violência urbana. Rio de Janeiro, Lumen Juris.
Misse, Michel. (2006), Crime e violência no Brasil contemporâneo: estudos de sociologia do crime e da violência urbana. Rio de Janeiro, Lumen Juris.
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Siqueira, Raíza & Rodrigues, André. (2012), “As unidades de Polícia Pacificadora e a segurança pública no Rio de Janeiro”. Comunicações do iser, 67 (31): 9-45.
Siqueira, Raíza & Rodrigues, André. (2012), “As unidades de Polícia Pacificadora e a segurança pública no Rio de Janeiro”. Comunicações do iser, 67 (31): 9-45.


oares, Luiz Eduardo. (2011), “Além do bem e do mal na cidade sitiada”. O Estado de S. Paulo, caderno Aliás, 20 nov. Thévenot, Laurent. (1990), “L’action qui convient”. Raisons Pratiques, 1: 39-69.
Soares, Luiz Eduardo. (2011), “Além do bem e do mal na cidade sitiada”. O Estado de S. Paulo, caderno Aliás, 20 nov. Thévenot, Laurent. (1990), “L’action qui convient”. Raisons Pratiques, 1: 39-69.


Telles, Vera. (2010), A cidade nas fronteiras do legal e ilegal. Belo Horizonte, Fino Traço.
Telles, Vera. (2010), A cidade nas fronteiras do legal e ilegal. Belo Horizonte, Fino Traço.
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