Morro da Serrinha: mudanças entre as edições

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'''Autor: Gabriel Nunes.'''


= Sobre a favela =
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<span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif"><span style="line-height:108%"><font size="3"><font style="font-size:12pt">A Serrinha é conhecida por ser também um dos tradicionais locais de prática de jongo, desde a época dos primeiros sambistas, no início do século 20.</font></font></span></span>
<span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif"><span style="line-height:108%"><font size="3"><font style="font-size:12pt">A Serrinha é conhecida por ser também um dos tradicionais locais de prática de jongo, desde a época dos primeiros sambistas, no início do século 20.</font></font></span></span>


= <span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">História</span> =
= <span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">História</span> =
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<span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:108%"><font size="3"><font style="font-size: 12pt">A serrinha também contava com uma comunidade de sírios em seu sopé, já no asfalto, vindos da segunda leva de imigrantes e aportando aqui nos anos 20. Uma comunidade grande que ficou conhecida por uma de suas mais famosas membras, a atriz do teatro de revista Zaquia Jorge, fundadora do primeiro teatro de Madureira, morta prematuramente num acidente nas águas da praia da Barra. Em sua homenagem foram compostos os famosos sambas "Madureira chorou" e "Estrela de Madureira".</font></font></span></span>
<span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:108%"><font size="3"><font style="font-size: 12pt">A serrinha também contava com uma comunidade de sírios em seu sopé, já no asfalto, vindos da segunda leva de imigrantes e aportando aqui nos anos 20. Uma comunidade grande que ficou conhecida por uma de suas mais famosas membras, a atriz do teatro de revista Zaquia Jorge, fundadora do primeiro teatro de Madureira, morta prematuramente num acidente nas águas da praia da Barra. Em sua homenagem foram compostos os famosos sambas "Madureira chorou" e "Estrela de Madureira".</font></font></span></span>
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'''<span style="font-size:larger;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Autor: Flávio da Silva França Alves, o Mestre Flavinho.</span></span>'''
'''<span style="font-size:larger;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Autor: Flávio da Silva França Alves, o Mestre Flavinho.</span></span>'''


'''<span style="font-size:larger;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">[[File:Tia Maria da Grota, uma das jongueiras mais antigas do Rio. Foto Cris Isidoro, Diadorim Ideias ..jpg|thumb|center|500px|Tia Maria da Grota, uma das jongueiras mais antigas do Rio. Foto Cris Isidoro, Diadorim Ideias ..jpg]]</span></span>'''
<span style="font-size:larger;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">[[File:Tia Maria da Grota, uma das jongueiras mais antigas do Rio. Foto Cris Isidoro, Diadorim Ideias ..jpg|thumb|center|500px|Tia Maria da Grota, uma das jongueiras mais antigas do Rio. Foto Cris Isidoro, Diadorim Ideias ..jpg]]</span></span>


<span style="font-size:larger;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">O&nbsp;jongo&nbsp;e o&nbsp;samba&nbsp;chegaram na Serrinha como resultado de políticas públicas excludentes. O jongo é&nbsp;um ritmo de um grupo étnico africano que foi traficado de sua terra natal para a realização de trabalho escravo no Brasil e que sobreviveu em meio aos sofrimentos das plantações. Nos canaviais e cafezais, os negros utilizavam do ponto do jongo para se comunicarem, uma vez que ele se utiliza de metáforas, podendo apenas ser entendido por quem é jongueiro.</span></span>
<span style="font-size:larger;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">O&nbsp;jongo&nbsp;e o&nbsp;samba&nbsp;chegaram na Serrinha como resultado de políticas públicas excludentes. O jongo é&nbsp;um ritmo de um grupo étnico africano que foi traficado de sua terra natal para a realização de trabalho escravo no Brasil e que sobreviveu em meio aos sofrimentos das plantações. Nos canaviais e cafezais, os negros utilizavam do ponto do jongo para se comunicarem, uma vez que ele se utiliza de metáforas, podendo apenas ser entendido por quem é jongueiro.</span></span>
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<span style="font-size:larger;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Tudo isso transformou&nbsp;a Serrinha em um polo cultural.&nbsp;Andar pela Serrinha hoje é como uma aula de história. Passeando por suas ruas e becos, vemos presentes os artistas serranos que ali viveram. Entrando pela Rua Compositor&nbsp;Silas de Oliveira&nbsp;(o poeta por detrás de Aquarela Brasileira), chegamos à&nbsp;Casa do Jongo, que por sua vez está ao lado da Creche&nbsp;Vó Maria Joana, grande matriarca do Jongo. Um pouco acima, passamos pela Rua Mestre&nbsp;Darcy do Jongo&nbsp;e à frente, à esquerda, está a famosa Rua da&nbsp;Balaiada—que agora se chama Rua&nbsp;Tia Eulália.&nbsp;Assim como a&nbsp;Tia Ciata, Tia Eulália organizava os famosos pagodes com sambistas e jongueiros. E foi em sua casa que nasceu o&nbsp;Império Serrano. Não nos esqueçamos também do saudoso&nbsp;Mano Décio da Viola, que nomeia a rua paralela à Compositor Silas de Oliveira—os dois se uniram a&nbsp;Manoel de Ferreira&nbsp;para compor o hino&nbsp;Heróis da Liberdade&nbsp;para o carnaval de 1969 do Império Serrano.</span></span>
<span style="font-size:larger;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Tudo isso transformou&nbsp;a Serrinha em um polo cultural.&nbsp;Andar pela Serrinha hoje é como uma aula de história. Passeando por suas ruas e becos, vemos presentes os artistas serranos que ali viveram. Entrando pela Rua Compositor&nbsp;Silas de Oliveira&nbsp;(o poeta por detrás de Aquarela Brasileira), chegamos à&nbsp;Casa do Jongo, que por sua vez está ao lado da Creche&nbsp;Vó Maria Joana, grande matriarca do Jongo. Um pouco acima, passamos pela Rua Mestre&nbsp;Darcy do Jongo&nbsp;e à frente, à esquerda, está a famosa Rua da&nbsp;Balaiada—que agora se chama Rua&nbsp;Tia Eulália.&nbsp;Assim como a&nbsp;Tia Ciata, Tia Eulália organizava os famosos pagodes com sambistas e jongueiros. E foi em sua casa que nasceu o&nbsp;Império Serrano. Não nos esqueçamos também do saudoso&nbsp;Mano Décio da Viola, que nomeia a rua paralela à Compositor Silas de Oliveira—os dois se uniram a&nbsp;Manoel de Ferreira&nbsp;para compor o hino&nbsp;Heróis da Liberdade&nbsp;para o carnaval de 1969 do Império Serrano.</span></span>


= <span style="font-size:larger;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">A Serrinha hoje</span></span> =
= <span style="font-size:larger;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">A Serrinha hoje</span></span> =
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'''<span style="font-size:larger;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Autor: Flávio da Silva França Alves, o Mestre Flavinho.</span></span>'''
'''<span style="font-size:larger;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Autor: Flávio da Silva França Alves, o Mestre Flavinho.</span></span>'''


'''<span style="font-size:larger;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">[[File:Integrantes do Projeto Herdeiros, Foto Cris Vicente..jpg|thumb|center|500px|Integrantes do Projeto Herdeiros, Foto Cris Vicente..jpg]]</span></span>'''
<span style="font-size:larger;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">[[File:Integrantes do Projeto Herdeiros, Foto Cris Vicente..jpg|thumb|center|500px|Integrantes do Projeto Herdeiros, Foto Cris Vicente..jpg]]</span></span>


<span style="font-size:larger;">Tanta história e cultura fortalecem as ações locais atuais. Exemplo vivo disso é a&nbsp;Casa do Jongo da Serrinha, que acolhe crianças locais com aulas de dança, instrumentos e cultura popular, além de abrigar o&nbsp;Projeto Herdeiros, do qual sou fundador e que reúne jovens que dão continuidade ao legado do samba, presente desde a fundação do morro, por meio de aulas de instrumentos musicais. Assim viabilizamos o treinamento de futuros ritmistas da nossa&nbsp;Sinfônica do Samba. O filme documental&nbsp;''Herdeiros',&nbsp;''em processo de finalização, retrata essa tentativa de ocupação do espaço e apropriação das narrativas para lançar um novo olhar sobre a cultura local e retomar nomes esquecidos na história da música, além de empoderar as futuras gerações, numa tentativa de criação de um sistema sustentável</span>.
<span style="font-size:larger;">Tanta história e cultura fortalecem as ações locais atuais. Exemplo vivo disso é a&nbsp;Casa do Jongo da Serrinha, que acolhe crianças locais com aulas de dança, instrumentos e cultura popular, além de abrigar o&nbsp;Projeto Herdeiros, do qual sou fundador e que reúne jovens que dão continuidade ao legado do samba, presente desde a fundação do morro, por meio de aulas de instrumentos musicais. Assim viabilizamos o treinamento de futuros ritmistas da nossa&nbsp;Sinfônica do Samba. O filme documental&nbsp;''Herdeiros',&nbsp;''em processo de finalização, retrata essa tentativa de ocupação do espaço e apropriação das narrativas para lançar um novo olhar sobre a cultura local e retomar nomes esquecidos na história da música, além de empoderar as futuras gerações, numa tentativa de criação de um sistema sustentável</span>.