Diquinho: Liderança (entrevista): mudanças entre as edições
Sem resumo de edição |
Sem resumo de edição |
||
| (Uma revisão intermediária pelo mesmo usuário não está sendo mostrada) | |||
| Linha 2: | Linha 2: | ||
'''Autoria: Dicionário de Favelas Marielle Franco e matéria cedida pelo RioOnWatch.''' | '''Autoria: Dicionário de Favelas Marielle Franco e matéria cedida pelo RioOnWatch.''' | ||
[[File:Diquinho- 1 .jpg|thumb|center|500px]] | [[File:Diquinho- 1 .jpg|thumb|center|500px|Diquinho- 1 .jpg]] | ||
= Biografia = | = Biografia = | ||
| Linha 18: | Linha 18: | ||
No ano em que Diquinho se mudou com sua mãe e irmãos para o Rio de Janeiro, em 1967, a ditadura militar brasileira já havia abolido partidos políticos e ratificado uma nova e opressora constituição. Tendo destituído o Presidente João Goulart em um golpe supostamente temporário três anos antes, o regime militar deixou claro desde então que não iria a lugar nenhum. Para movimentos de oposição, incluindo grupos armados como o Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), isso marcaria o começo de uma resistência ativa e subterrânea. Para Diquinho, que acabava de completar 18 anos, era o início de um despertar político. | No ano em que Diquinho se mudou com sua mãe e irmãos para o Rio de Janeiro, em 1967, a ditadura militar brasileira já havia abolido partidos políticos e ratificado uma nova e opressora constituição. Tendo destituído o Presidente João Goulart em um golpe supostamente temporário três anos antes, o regime militar deixou claro desde então que não iria a lugar nenhum. Para movimentos de oposição, incluindo grupos armados como o Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), isso marcaria o começo de uma resistência ativa e subterrânea. Para Diquinho, que acabava de completar 18 anos, era o início de um despertar político. | ||
[[File:Foto 1980, da esquerda para a direita Arnaldo, José de Arimatéia, Irineu Guimarães, um membro da FAFERJ, e Diquinho. Foto Eladir Nascimento via Irineu Guimarães..png|thumb|center|500px]] | [[File:Foto 1980, da esquerda para a direita Arnaldo, José de Arimatéia, Irineu Guimarães, um membro da FAFERJ, e Diquinho. Foto Eladir Nascimento via Irineu Guimarães..png|thumb|center|500px|Foto 1980, da esquerda para a direita Arnaldo, José de Arimatéia, Irineu Guimarães, um membro da FAFERJ, e Diquinho. Foto Eladir Nascimento via Irineu Guimarães..png]] | ||
Se estabelecendo no crescente bairro do Complexo do Alemão com sua mãe e irmãos, Diquinho seguiu com seu trabalho como tipógrafo e começou a participar de reuniões do sindicato, depois fazendo contato com membros do MR-8. Logo, com vinte e poucos anos, Diquinho se juntou com quatro ativistas do MR-8 que estudavam na UFRJ. Juntos, os cinco trabalharam para fundar uma escola preparatória para o ensino médio voltada para adultos. Diquinho, que por sua vez nunca completou o ensino médio, participou das aulas ministradas pelos estudantes universitários pelos próximos ano e meio, mergulhando na questão do treinamento político. Ele iria se integrar formalmente ao MR-8 em 1974, participando na Associação de Moradores Joaquim Queiroz (Grota) pelo próximo ano. Lá, na associação, Diquinho enfrentou o governo e agências de serviços públicos, lutando por melhorias na infraestrutura sanitária e por uma cobrança justa da energia elétrica para a favela. A mobilização de Diquinho no Complexo do Alemão logo chamou a atenção da Federação de Favelas do Estado do Rio de Janeiro (FAFERJ). | Se estabelecendo no crescente bairro do Complexo do Alemão com sua mãe e irmãos, Diquinho seguiu com seu trabalho como tipógrafo e começou a participar de reuniões do sindicato, depois fazendo contato com membros do MR-8. Logo, com vinte e poucos anos, Diquinho se juntou com quatro ativistas do MR-8 que estudavam na UFRJ. Juntos, os cinco trabalharam para fundar uma escola preparatória para o ensino médio voltada para adultos. Diquinho, que por sua vez nunca completou o ensino médio, participou das aulas ministradas pelos estudantes universitários pelos próximos ano e meio, mergulhando na questão do treinamento político. Ele iria se integrar formalmente ao MR-8 em 1974, participando na Associação de Moradores Joaquim Queiroz (Grota) pelo próximo ano. Lá, na associação, Diquinho enfrentou o governo e agências de serviços públicos, lutando por melhorias na infraestrutura sanitária e por uma cobrança justa da energia elétrica para a favela. A mobilização de Diquinho no Complexo do Alemão logo chamou a atenção da Federação de Favelas do Estado do Rio de Janeiro (FAFERJ). | ||
| Linha 44: | Linha 44: | ||
Para Diquinho, a única esperança remanescente está no trabalho de base: na luta pelas demandas de moradores de favelas, na formação de comitês organizadores, e no treinamento político. Portanto, quando o governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou R$600 milhões em serviços públicos para o Complexo do Alemão sob o Programa de Aceleração de Crescimento (PAC), agendado para ter início em 2008, Diquinho começou a trabalhar. | Para Diquinho, a única esperança remanescente está no trabalho de base: na luta pelas demandas de moradores de favelas, na formação de comitês organizadores, e no treinamento político. Portanto, quando o governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou R$600 milhões em serviços públicos para o Complexo do Alemão sob o Programa de Aceleração de Crescimento (PAC), agendado para ter início em 2008, Diquinho começou a trabalhar. | ||
[[File:Diquinho, segundo da esquerda, sentado ao lado do amigo Eladir Nascimento e do professor Boaventura de Sousa Santos. Foto - Eladir Nascimento..jpeg|thumb|center|500px]] | [[File:Diquinho, segundo da esquerda, sentado ao lado do amigo Eladir Nascimento e do professor Boaventura de Sousa Santos. Foto - Eladir Nascimento..jpeg|thumb|center|500px|Diquinho, segundo da esquerda, sentado ao lado do amigo Eladir Nascimento e do professor Boaventura de Sousa Santos. Foto - Eladir Nascimento..jpeg]] | ||
Evitando o diálogo com associações de moradores locais, Diquinho trabalhou através de uma série de comitês já existentes ou recém criados para desenvolver uma agenda propositiva das demandas dos moradores a serem incluídas nos trabalhos do PAC e apresentou-as diretamente aos coordenadores do programa. Isso incluiu o Conselho Popular do Complexo do Alemão, um grupo co-fundado por Diquinho em 2009; o Comitê de Desenvolvimento Local da Serra da Misericórdia (CDLSM-RJ), um grupo criado em 2000; e comitês de saúde e educação recém formados. | Evitando o diálogo com associações de moradores locais, Diquinho trabalhou através de uma série de comitês já existentes ou recém criados para desenvolver uma agenda propositiva das demandas dos moradores a serem incluídas nos trabalhos do PAC e apresentou-as diretamente aos coordenadores do programa. Isso incluiu o Conselho Popular do Complexo do Alemão, um grupo co-fundado por Diquinho em 2009; o Comitê de Desenvolvimento Local da Serra da Misericórdia (CDLSM-RJ), um grupo criado em 2000; e comitês de saúde e educação recém formados. | ||
| Linha 65: | Linha 65: | ||
{{#evu:https://www.youtube.com/watch?v=jArZaomZtRo}} | {{#evu:https://www.youtube.com/watch?v=jArZaomZtRo}} | ||
| |||
= Referência = | = Referência = | ||
[https://rioonwatch.org.br/?p=48392 Nilton ‘Diquinho’ Gomes Pereira, uma Vida Revolucionária Dedicada às Favelas: 1949-2020, RioOnWatch.] | [https://rioonwatch.org.br/?p=48392 Nilton ‘Diquinho’ Gomes Pereira, uma Vida Revolucionária Dedicada às Favelas: 1949-2020, RioOnWatch.] | ||
| |||
[[Category:Entrevista]][[Category:Vídeo]][[Category:Complexo do Alemão]][[Category:Temática - Lideranças]] | |||
