Mapeamento das homenagens a Marielle Franco: mudanças entre as edições

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<p style="text-align: justify;">'''Autor''': <bdi>[https://wikifavelas.com.br/index.php?title=Usuário:Hércules_da_Silva_Xavier_Ferreira&action=edit&redlink=1 Hércules da Silva Xavier Ferreira].</bdi><br/> <br/> Há uma dor que não cessa na cidade carioca, ocasionada pela violência contra a democracia que afetou a muitos. Na rua cujo nome remete&nbsp;ao falecido líder máximo católico, João Paulo Primeiro, a vereadora Marielle Franco teve sua vida subtraída do convívio dos seus, em vil ato que buscou, sobremaneira, calar sua voz. Se na ocasião a perícia contou todas as balas possíveis que perfuraram o carro em que estava, conduzido pelo motorista Anderson Gomes que foi igualmente retirado da vida, impossível foi o cálculo de todas as pessoas atingidas e que, no comum da mesma dor, ergueram suas vozes em um só coro por justiça: quem mandou matar?</p> <p style="text-align: justify;">A ausência da vereadora&nbsp;[[Marielle_Franco|Marielle]] torna-se força a partir dessa dor que ressignificou o luto em luta, pois não haverá descanso enquanto o crime não for elucidado. Em atos de memória&nbsp;recupera-se de alguma maneira sua presença e seus ideais. Esses atos encontram os mais diversos suportes, tanto pela intervenção urbana com grafites, lambe-lambes, colagens, estêncis, frases de efeito, placa! e estão espalhados pelo Rio de Janeiro, Brasil, América Latina, ganhando o restante do Mundo. Seu rosto, seu corpo e seu gesto (forte vereadora), estampam os mais variados murais, postes, ruas e inúmeros outros locais. Outras formas de lembrá-la foram desenvolvidas, como o biscuit, pipa, bandeiras, bloco de carnaval, enredo de escola de samba, costura, boneca de feltro, escultura, carimbo, funk, MPB, bolsa acadêmica, roupas e mesmo&nbsp;o nome desse Dicionário de Favelas.</p> <p style="text-align: justify;">É uma verdadeira memória em trânsito, avançando por vários espaços e alcançando novos entendimentos, inclusive. Sempre há o perigo, por melhor que sejam as intenções das homenagens, de ofender de alguma maneira sua imagem e história pessoal ou mesmo os ideais de sua luta política, na intransigente defesa dos direitos humanos. Como bem disse&nbsp; o poeta Carlos Drummond de Andrade, em seu poema Confidência do Itabirano, "Itabira é apenas uma fotografia na parede / Mas como dói!". De alguma maneira estes versos reforçam as falas da (§)ativista&nbsp;Indianare Siqueira, quando no lançamento do livro de Amara Moira, disse (em contexto próprio) que&nbsp;"não lhe quero como nome em uma placa, não quero como bottom, não quero como&nbsp;estêncil numa blusa, a quero com vida". Foi o triste "dia em que nós acordamos chorando", conforme palavras da irmã&nbsp;Anielle Franco, em ato após o primeiro ano de seu luto familiar.</p> <p style="text-align: justify;">Para melhor acompanhar essas mudanças e registrar os pontos em que surgiram os grafites e demais atos de memória, criou-se o respectivo mapa:</p> <p style="text-align: justify;">'''Acesso -'''&nbsp;[https://tinyurl.com/memoriamarielle https://tinyurl.com/memoriamarielle]</p> <p style="text-align: justify;">Esse trabalho surgiu como desdobramento de um outro, que mapeia as práticas culturais de cunho tanatológico, isso é, os modos como o luto é ressignificado em locais de memória na relação com a ruptura trágica (acidentes, crimes, catástrofes). A partir disso, observou-se que desde o doloroso dia 14 de março de 2018, várias manifestações artísticas ou de intervenções urbanas&nbsp;(dos mais variados tipos conforme já mencionados), foram aparecendo pelas ruas, dos quais categorizam-se os seguintes: pipa, brincos, tatuagens, camisetas, bandeira de bloco, escultura de madeira, costura e crochet, placa de logradoura, bonecas de feltro, bloco de carnaval, nome de dicionário, festas e propostas artísticas como performances.</p> <p style="text-align: justify;">A comunidade do '''Instagram '''prontamente auxilia este trabalho de mapeamento, por conta das ''hashtags ''como [https://www.instagram.com/explore/tags/mariellepresente/?hl=pt-br #mariellepresente], [https://www.instagram.com/explore/tags/mariellevive/?hl=pt-br #mariellevive], #andersonpresente,&nbsp;#mariellefranco. #marielle, e muitas outras que são monitoradas. Nesse caso, uma vez que surja algo de inédito ou novo, entra-se em contato com o usuário que, geralmente, responde de bom grado e em curto espaço de tempo.</p> <p style="text-align: justify;">Importante dizer que tudo isso foi desenvolvido no interior do Mestrado em Patrimônio Cultural do '''IPHAN''', o PEP-MP:&nbsp;[http://portal.iphan.gov.br/pep http://portal.iphan.gov.br/pep].</p> <p style="text-align: justify;">Os devidos entendimentos para a feitura e composição do mapa deveu-se a partir das leituras que encontram-se adiante, em referências. É que conscientização e sensibilidade é um processo, espécie de despertar e estar atento, com todos os sentidos, para os sinais/signos urbanos e as práticas culturais daí advindas. Lembrar é também um gesto de memória, intencional, em sua busca para o devido testemunho.</p> <p style="text-align: justify;">Ver também: [[Ninguém_solta_a_mão_de_ninguém_(depoimento)|Ninguém solta a mão de ninguém (Depoimento).]]</p> <p style="text-align: justify;">'''REFERÊNCIAS''':</p> <p style="text-align: justify;">ASSMANN, Aleida. Espaços da recordação: formas e transformações da memória cultural. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2011, 453p.<br/> BARTHES, Roland. Mitologias. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001, 11º ed.<br/> BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica. In: Obras escolhidas I. São Paulo: Brasiliense, 1987.<br/> CATROGA, Fernando José de Almeida. O culto dos mortos como uma poética da ausência. ArtCultura, Uberlândia, v. 12, n. 20, p. 163-182, jan.-jun. 2010.<br/> CATROGA, Fernando José de Almeida. Uma poética da ausência. A representificação do ausente. IN.: Catroga, Fernando José de Almeida. Os passos do homem como restolho do tempo. Memória e fim do fim da história. Coimbra: Almedina, 2009, p. 33-54.<br/> FARIAS, F. R.; PINTO, D. S. Memoria Social em situação traumática. Morpheus (UNIRIO. Online), v. 9, p. 173-197, 2016.<br/> FLUSSER, Vilém. Comunicologia: reflexões sobre o futuro: as conferências de Bochum. São Paulo: Martins Fontes, 2014.<br/> FLUSSER, Vilém. O mundo codificado: uma filosofia do design e da comunicação. São Paulo: Cosac Naify, 2007, 224p.<br/> GONDAR, J. O. Quatro proposições sobre memória social. In: Gondar, Josaida; Dodebei, Vera. (Org.). O que é memória social?. 1ed. Rio de Janeiro: Contra-Capa, 2005, v. 1, p. 11-26.<br/> HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Vértice, 1990. 189p.<br/> POLLAK, Michael. “Memória, esquecimento, silêncio.” In: Estudos Históricos, Rio de Janeiro: vol. 2, nº 3, 1989. Disponível em:&nbsp;[http://www.uel.br/cch/cdph/arqtxt/Memoria_esquecimento_silencio.pdf http://www.uel.br/cch/cdph/arqtxt/Memoria_esquecimento_silencio.pdf]. Último acesso em: 17 de jul de 2018.<br/> SANTIAGO JÚNIOR, Francisco das C. F.. Dos lugares de memória ao patrimônio: emergência de transformação da 'problemática dos lugares'. Projeto História (PUCSP), v. 52, p. 245-279, 2015.<br/> SELIGMANN-SILVA, Márcio. Antimonumentos: trabalho de memória e de resistência. Psicologia USP (Online), v. 27, p. 49-60, 2016.<br/> SELIGMANN-SILVA, Márcio. Narrar o trauma: a questão dos testemunhos de catástrofes históricas. Psicol. clin., &nbsp;Rio de Janeiro , &nbsp;v. 20, n. 1, p. 65-82, &nbsp;2008. &nbsp;Disponível em:&nbsp;<[http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-56652008000100005&lng=en&nrm=iso [1]]>. Último acesso em 22&nbsp; de out de&nbsp; 2019.</p>
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