Largo da Memória: mudanças entre as edições
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O Largo da Memória foi uma favela localizada onde hoje é o Leblon, mais precisamente onde hoje é o 23º Batalhão da Polícia Militar. A favela era composta majoritariamente por barracos. | |||
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Extraído do [http://rioquepassou.com.br/2008/04/04/favelas-do-leblon-anos-30/ Blog O Rio que passou] | Extraído do [http://rioquepassou.com.br/2008/04/04/favelas-do-leblon-anos-30/ Blog O Rio que passou] | ||
[[File:Largo da Memória.jpg|thumb|center|500px]] | [[File:Largo da Memória.jpg|thumb|center|500px|Largo da Memória.jpg]] | ||
Nesse fragmento de uma panorâmica de foto pertencente ao acervo de Benjamim Aguiar de Medeiros vemos, um pedaço do Leblon, em 1936. Em meio a um bairro praticamente vazio se destacam as duas enormes favelas, surgidas em menos de 7 anos, pois em fotos de 1929 nenhuma das duas aparecem, estando seus terrenos vazios.<br/> Na esquerda da imagem podemos identificar claramente dois marcos geográficos, um pedaço da pista do Jockey na extrema esquerda superior e acompanhado a parte esquerda inferior temos o canal da Av. Visconde de Albuquerque.<br/> No meio desses dois marcos podemos ver o Largo da Memória, largo criado no leito da velha Rua do Sapé, um dos primitivos acessos a Praia da Gávea, hoje Leblon. Margeando o largo e indo em direção ao canal vemos o amontoado de barracos, que galgavam a pequena elevação que existe no local, era a Favela da Memória, que existia nos terrenos onde hoje está o 23º BPM.<br/> Junto às margens da lagoa, à direita do campo do Flamengo podemos ver a maior favela que o Leblon já teve, a praia do Pinto, ainda sem os aterros posteriores, que provocaram a invasão e favelização das duas finas ilhas localizadas mais à frente a do Guarda e a das Dragas. A Ilha do Guarda é hoje onde está o litoral da Lagoa neste trecho, mais à direita temos a Ilha Caiçaras ainda pequenina sem os posteriores aterros, e o bico do arrocamento da Av. Epitácio Pessoa.<br/> Margeando os barracos da Praia do Pinto vemos também o primitivo traçado da Av. Afrânio de Melo Franco, que se juntava com a hoje desaparecida Av. Rodrigo de Freitas, que tem um pequeno trecho hoje ainda presente na Rua Adalberto de Campos.<br/> A foto também nos mostra com destaque, bem no extremo direito da imagem o gasômetro do Leblon, hoje desativado, no quarteirão entre as Av. Ataulfo de Paiva e Afrânio de melo Franco e as Ruas Alm. Guilhem e Humberto de Campos. Por causa dos bondes as ruas mais marcadas no tecido urbano são a Av. Ataulfo de Paiva e a Rua Dias ferreira, antiga Rua do Pau, continuação da Rua do Sapé e a primitiva via de acesso ao bairro.<br/> A Favela da memória foi removida na época do primeiro governo Vargas, pondo por terra a idéia que quem só removia favelas era Lacerda, o governo Vargas removeu várias favelas, criando inúmeros parques proletários pela cidade, que hoje se misturam aos bairros. Mas no Leblon a situação ficou complicada, pois os favelados não só da Memória como a da Praia do Pinto deveriam ir para o Parque Proletário da Gávea, para isso eles foram alojados em barracões, junto ao canteiro de obras o Parque proletário e em outros na Praia do Pinto. Curiosamente os do Parque Proletário assim ficaram até os anos 60 quando as famílias se mudaram para a única parte que foi concluída, o Minhocão da Gávea. Já os barracões erguidos na Praia do Pinto em poucos anos se mesclaram na favela, praticamente não podendo ser mais identificados em imagens dos anos 60, quando a favela atingiu seu auge de tamanho, sendo uma das maiores da Zona Sul, e removida no governo Negrão de Lima.<br/> É interessante nessa imagem a velocidade do crescimento da ocupação irregular em comparação com a cidade formal que surgia no Bairro do Leblon. <footer> | |||
= Instituto Moreira Salles = | = Instituto Moreira Salles = | ||
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“Naquela época as pessoas foram parar em lugares muito distantes. Famílias removidas da Rocinha para o Parque foram removidas novamente. Tem muita contradição”, observa Ileana. “A remoção das indústrias veio num processo de gentrificação do bairro. As fotos da remoção das vilas operárias são muito contundentes, e mostram como a sociedade ainda não resolveu esse problema da moradia, como vimos acontecer de novo durante as obras para as Olimpíadas no Rio. Há uma contínua tensão entre a necessidade do crescimento e, ao mesmo tempo, a de abrigar as pessoas que trabalham.” | “Naquela época as pessoas foram parar em lugares muito distantes. Famílias removidas da Rocinha para o Parque foram removidas novamente. Tem muita contradição”, observa Ileana. “A remoção das indústrias veio num processo de gentrificação do bairro. As fotos da remoção das vilas operárias são muito contundentes, e mostram como a sociedade ainda não resolveu esse problema da moradia, como vimos acontecer de novo durante as obras para as Olimpíadas no Rio. Há uma contínua tensão entre a necessidade do crescimento e, ao mesmo tempo, a de abrigar as pessoas que trabalham.” | ||
Parte dos moradores do Parque Proletário voltou para a Rocinha, e muitos foram também para o Parque da Cidade e para o Minhocão, nome pelo qual ficou conhecido o Conjunto Residencial Marquês de São Vicente, projetado por outro expoente do modernismo, o arquiteto Afonso Eduardo Reidy. | Parte dos moradores do Parque Proletário voltou para a Rocinha, e muitos foram também para o Parque da Cidade e para o Minhocão, nome pelo qual ficou conhecido o Conjunto Residencial Marquês de São Vicente, projetado por outro expoente do modernismo, o arquiteto Afonso Eduardo Reidy. </footer> | ||
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[[Category:Largo da Memória]][[Category:Temática - Favelas e Periferias]] | [[Category:Largo da Memória]] [[Category:Temática - Favelas e Periferias]] | ||
