Museu da Maré: mudanças entre as edições
Sem resumo de edição |
Sem resumo de edição |
||
| Linha 1: | Linha 1: | ||
<p class="MsoBodyText" style="text-align:justify"><span style="font-size: | <p class="MsoBodyText" style="text-align:justify"><span style="font-size:larger;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">'''Autor: [[Antonio_Carlos_Pinho_Vieira|Antonio Carlos Pinho Vieira]]'''</span></span></p> | ||
= <span style="font-size:smaller;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">O surgimento</span></span></span></span> = | = <span style="font-size:smaller;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">O surgimento</span></span></span></span> = | ||
<p class="MsoBodyText" style="text-align:justify"><span style="font-size:larger;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Em 1996, um grupo de moradores da Maré se reuniu para pensar uma alternativa de projeto político, cultural e pedagógico a ser desenvolvido no território, mas com abrangência e impacto amplos, pensando a cidade a partir da realidade local. Em agosto de 1997, esses moradores criaram a organização não governamental denominada ''Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré'' (CEASM). Desde de então, o CEASM vem atuando de forma a constituir memórias coletivas em torno do bairro, como estratégia de construção de sentidos de pertencimentos e criação de alternativas democráticas à realidade social vigente.</span></span></span></span></p> <p class="MsoBodyText" style="text-align:justify"><span style="font-size:larger;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Um dos primeiros projetos desenvolvidos pelo CEASM foi é a ''Rede Memória da Maré'', que objetivava preservar a história local e contribuir para a criação do sentido de pertencimento dos moradores ao bairro. O projeto produziu um texto ilustrado sobre a história da Maré. Seu autor, Antônio Carlos Pinto Vieira, é um dos fundadores do CEASM. O texto ordena cronologicamente os fatos históricos ocorridos na região e na cidade, desde o período colonial até o final da década de 1990. Dessa forma, Antônio Carlos escreveu a primeira versão da história da Maré e, principalmente, criou uma identidade comum entre as diversas comunidades que se formaram ao longo da Avenida Brasil, a partir da década de 1940.</span></span></span></span></p> <p class="MsoBodyText" style="text-align:justify"><span style="font-size:larger;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">O texto sobre a história da Maré compõe o acervo do arquivo criado pela Rede Memória com o objetivo de abrigar variadas fontes sobre a história local: fotografias, mapas, hemeroteca, documentos produzidos pelo poder público, documentos particulares doados por moradores, trabalhos acadêmicos etc.</span></span></span></span></p> <p class="MsoBodyText" style="text-align:justify"><span style="font-size:larger;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Desde sua inauguração, em 27 de abril de 2002, o arquivo ''Dona Orosina Vieira''[[#_ftn1|<span style="line-height:115%"><ref>Uma das primeiras moradoras do Morro do Timbau, comunidade mais antiga da Maré. Dona Orosina era migrante, mulher negra, viúva, parteira e rezadeira.</ref></span>]] (ADOV) já recebeu vários visitantes. Alguns, para conhecer; outros, para ver fotos antigas e “matar” a saudade do passado; e muitos, para pesquisar. Grande parte das pesquisas é realizada por professores e alunos das escolas públicas locais e por participantes dos outros projetos do CEASM. Nos registros do arquivo consta um número considerável de consultas feitas por pesquisadores ligados a diversas instituições da cidade, tais como UNIRIO, UFRJ, FIOCRUZ e outras.</span></span></span></span></p> <p class="MsoBodyText" style="text-align:justify"><span style="font-size:larger;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Grande parte do acervo do ADOV é constituído por fotografias, que retratam variados aspectos da realidade local, incluindo fotos do início do século XX, de autoria do conhecido fotógrafo Augusto Malta. Esse acervo iconográfico foi, em parte, reproduzido e ampliado para compor várias exposições sobre a história da Maré. As exposições são apresentadas em espaços públicos locais, como escolas e praças. A Rede Memória também realizou exposições em lugares fora da Maré, como por exemplo, no Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-RJ); no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da UFRJ; no Instituto de Educação da UFF; no Museu de Arte Contemporânea (MAC); e no Centro Cultural do Tribunal de Contas do Estado, entre outros.</span></span></span></span></p> <p class="MsoBodyText" style="text-align:justify"><span style="font-size:larger;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">O trabalho da Rede Memória obteve reconhecimento nacional em 2005, ao receber o Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, oferecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Tal premiação é conferida a pessoas ou instituições que desenvolvem ações de preservação do patrimônio cultural brasileiro. O IPHAN selecionou sete iniciativas em todo o Brasil, tendo sido a Rede Memória''premiada na categoria de ''salvaguarda de bens de natureza imaterial''.''</span></span></span></span></p> <p class="MsoBodyText" style="text-align:justify"><span style="font-size:larger;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Antes disso, em 2004, a Rede Memória realizou a exposição </span></span>A Força da Maré, no Museu da República, localizado no bairro do Catete. Para a montagem da exposição, a equipe da Rede Memória pediu alguns objetos emprestados aos moradores, que ao término não os aceitaram de volta, pois disseram querer ver na Maré o que foi feito no Museu da República.</span></span></p> <p class="MsoBodyText" style="text-align:justify"><span style="font-size:larger;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">A </span></span>Força da Maré foi um divisor de águas no trabalho desenvolvido pela Rede Memória. Ainda no final de 2004, a equipe do projeto participou do primeiro edital do Programa Cultura Viva do Ministério da Cultura (MINC) para seleção dos Pontos de Cultura. O projeto foi selecionado com o título Museu da Maré e previa a instalação de uma exposição de longa duração sobre a vida das pessoas que resistiram e lutaram para construir sua história naquele lugar. A partir desse momento, a Rede Memória deixou de existir para dar lugar ao Museu da Maré.</span></span></p> <p class="MsoBodyText" style="text-align:justify"><span style="font-size:larger;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">A inauguração do museu ocorreu no dia 8 de maio de 2006, durante o lançamento da</span></span>4ª Semana Nacional de Museus. O evento contou com as presenças do então ministro Gilberto Gil, outros membros do MINC, além de representantes de vários museus e Pontos de Cultura da cidade do Rio.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:larger;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Logo após sua inauguração, o Museu da Maré concorreu à seleção da primeira edição do </span></span>Prêmio Cultura Viva, oferecido pelo MINC. Dentre 1.532 iniciativas inscritas em todo o Brasil, o museu foi um dos 30 projetos semifinalistas, tendo sido o 2º colocado na categoria Tecnologia Sociocultural.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:larger;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Ainda em novembro de 2006, o museu foi agraciado com a </span></span>Ordem do Mérito Cultural, a mais alta premiação da cultura no país, que tem o objetivo de tornar público o empenho de pessoas e instituições que, de maneira significativa, trabalham pela valorização da cultura brasileira. Em dezembro desse mesmo ano, o Museu foi homenageado pelo Departamento de Museus e Centros Culturais do IPHAN pela contribuição aos museus e à museologia brasileira no Ano Nacional dos Museus, como uma das experiências inspiradoras da nova Política Nacional para os Museus.</span></span></p> | <p class="MsoBodyText" style="text-align:justify"><span style="font-size:larger;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Em 1996, um grupo de moradores da Maré se reuniu para pensar uma alternativa de projeto político, cultural e pedagógico a ser desenvolvido no território, mas com abrangência e impacto amplos, pensando a cidade a partir da realidade local. Em agosto de 1997, esses moradores criaram a organização não governamental denominada ''Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré'' (CEASM). Desde de então, o CEASM vem atuando de forma a constituir memórias coletivas em torno do bairro, como estratégia de construção de sentidos de pertencimentos e criação de alternativas democráticas à realidade social vigente.</span></span></span></span></p> <p class="MsoBodyText" style="text-align:justify"><span style="font-size:larger;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Um dos primeiros projetos desenvolvidos pelo CEASM foi é a ''Rede Memória da Maré'', que objetivava preservar a história local e contribuir para a criação do sentido de pertencimento dos moradores ao bairro. O projeto produziu um texto ilustrado sobre a história da Maré. Seu autor, Antônio Carlos Pinto Vieira, é um dos fundadores do CEASM. O texto ordena cronologicamente os fatos históricos ocorridos na região e na cidade, desde o período colonial até o final da década de 1990. Dessa forma, Antônio Carlos escreveu a primeira versão da história da Maré e, principalmente, criou uma identidade comum entre as diversas comunidades que se formaram ao longo da Avenida Brasil, a partir da década de 1940.</span></span></span></span></p> <p class="MsoBodyText" style="text-align:justify"><span style="font-size:larger;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">O texto sobre a história da Maré compõe o acervo do arquivo criado pela Rede Memória com o objetivo de abrigar variadas fontes sobre a história local: fotografias, mapas, hemeroteca, documentos produzidos pelo poder público, documentos particulares doados por moradores, trabalhos acadêmicos etc.</span></span></span></span></p> <p class="MsoBodyText" style="text-align:justify"><span style="font-size:larger;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Desde sua inauguração, em 27 de abril de 2002, o arquivo ''Dona Orosina Vieira''[[#_ftn1|<span style="line-height:115%"><ref>Uma das primeiras moradoras do Morro do Timbau, comunidade mais antiga da Maré. Dona Orosina era migrante, mulher negra, viúva, parteira e rezadeira.</ref></span>]] (ADOV) já recebeu vários visitantes. Alguns, para conhecer; outros, para ver fotos antigas e “matar” a saudade do passado; e muitos, para pesquisar. Grande parte das pesquisas é realizada por professores e alunos das escolas públicas locais e por participantes dos outros projetos do CEASM. Nos registros do arquivo consta um número considerável de consultas feitas por pesquisadores ligados a diversas instituições da cidade, tais como UNIRIO, UFRJ, FIOCRUZ e outras.</span></span></span></span></p> <p class="MsoBodyText" style="text-align:justify"><span style="font-size:larger;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Grande parte do acervo do ADOV é constituído por fotografias, que retratam variados aspectos da realidade local, incluindo fotos do início do século XX, de autoria do conhecido fotógrafo Augusto Malta. Esse acervo iconográfico foi, em parte, reproduzido e ampliado para compor várias exposições sobre a história da Maré. As exposições são apresentadas em espaços públicos locais, como escolas e praças. A Rede Memória também realizou exposições em lugares fora da Maré, como por exemplo, no Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-RJ); no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da UFRJ; no Instituto de Educação da UFF; no Museu de Arte Contemporânea (MAC); e no Centro Cultural do Tribunal de Contas do Estado, entre outros.</span></span></span></span></p> <p class="MsoBodyText" style="text-align:justify"><span style="font-size:larger;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">O trabalho da Rede Memória obteve reconhecimento nacional em 2005, ao receber o Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, oferecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Tal premiação é conferida a pessoas ou instituições que desenvolvem ações de preservação do patrimônio cultural brasileiro. O IPHAN selecionou sete iniciativas em todo o Brasil, tendo sido a Rede Memória''premiada na categoria de ''salvaguarda de bens de natureza imaterial''.''</span></span></span></span></p> <p class="MsoBodyText" style="text-align:justify"><span style="font-size:larger;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Antes disso, em 2004, a Rede Memória realizou a exposição </span></span>A Força da Maré, no Museu da República, localizado no bairro do Catete. Para a montagem da exposição, a equipe da Rede Memória pediu alguns objetos emprestados aos moradores, que ao término não os aceitaram de volta, pois disseram querer ver na Maré o que foi feito no Museu da República.</span></span></p> <p class="MsoBodyText" style="text-align:justify"><span style="font-size:larger;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">A </span></span>Força da Maré foi um divisor de águas no trabalho desenvolvido pela Rede Memória. Ainda no final de 2004, a equipe do projeto participou do primeiro edital do Programa Cultura Viva do Ministério da Cultura (MINC) para seleção dos Pontos de Cultura. O projeto foi selecionado com o título Museu da Maré e previa a instalação de uma exposição de longa duração sobre a vida das pessoas que resistiram e lutaram para construir sua história naquele lugar. A partir desse momento, a Rede Memória deixou de existir para dar lugar ao Museu da Maré.</span></span></p> <p class="MsoBodyText" style="text-align:justify"><span style="font-size:larger;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">A inauguração do museu ocorreu no dia 8 de maio de 2006, durante o lançamento da</span></span>4ª Semana Nacional de Museus. O evento contou com as presenças do então ministro Gilberto Gil, outros membros do MINC, além de representantes de vários museus e Pontos de Cultura da cidade do Rio.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:larger;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Logo após sua inauguração, o Museu da Maré concorreu à seleção da primeira edição do </span></span>Prêmio Cultura Viva, oferecido pelo MINC. Dentre 1.532 iniciativas inscritas em todo o Brasil, o museu foi um dos 30 projetos semifinalistas, tendo sido o 2º colocado na categoria Tecnologia Sociocultural.</span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="font-size:larger;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="line-height:150%"><span style="line-height:150%">Ainda em novembro de 2006, o museu foi agraciado com a </span></span>Ordem do Mérito Cultural, a mais alta premiação da cultura no país, que tem o objetivo de tornar público o empenho de pessoas e instituições que, de maneira significativa, trabalham pela valorização da cultura brasileira. Em dezembro desse mesmo ano, o Museu foi homenageado pelo Departamento de Museus e Centros Culturais do IPHAN pela contribuição aos museus e à museologia brasileira no Ano Nacional dos Museus, como uma das experiências inspiradoras da nova Política Nacional para os Museus.</span></span></p> | ||
| Linha 10: | Linha 10: | ||
| | ||
[[Category:Museu]][[Category:Memória]][[Category:Pertencimento]][[Category:Maré]][[Category:Temática - Pesquisas]][[Category:Temática - Cultura]][[Category:Complexo da Maré]] | [[Category:Museu]] [[Category:Memória]] [[Category:Pertencimento]] [[Category:Maré]] [[Category:Temática - Pesquisas]] [[Category:Temática - Cultura]] [[Category:Complexo da Maré]] | ||
