Violência de Estado na Baixada Fluminense: mudanças entre as edições

Sem resumo de edição
Sem resumo de edição
Linha 4: Linha 4:
<span style="line-height:150%"><span style="font-size:12.0pt"><span style="line-height:150%"><span style="font-family:">A Baixada Fluminense é composta por 13 municípios: Belford Roxo, Duque de Caxias, Guapimirim, Itaguaí, Japeri, Magé, Mesquita, Nova Iguaçu, Nilópolis, Paracambi, Queimados, São João de Meriti e Seropédica. Apesar da sua riqueza cultural e histórica, a Baixada é amplamente associada a um local violento.</span></span></span></span>
<span style="line-height:150%"><span style="font-size:12.0pt"><span style="line-height:150%"><span style="font-family:">A Baixada Fluminense é composta por 13 municípios: Belford Roxo, Duque de Caxias, Guapimirim, Itaguaí, Japeri, Magé, Mesquita, Nova Iguaçu, Nilópolis, Paracambi, Queimados, São João de Meriti e Seropédica. Apesar da sua riqueza cultural e histórica, a Baixada é amplamente associada a um local violento.</span></span></span></span>


<span style="line-height:150%"><span style="font-size:12.0pt"><span style="line-height:150%"><span style="font-family:">Para compreendermos a violência de Estado que assola o território, devemos olhar para os dados, a mídia e seu histórico. Um recente[https://drive.google.com/file/d/1QCULW6AgWzpbvYWK73g0koduI45jz5Ev/view estudo] publicado pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) indica que dos 5 Batalhões de Polícia Militar que mais matam no Rio de Janeiro, 4 estão na Baixada: Queimados, Belford-Roxo, Duque de Caxias e Mesquita. Outra [http://www.iser.org.br/site/wp-content/uploads/2013/12/2018-08-06-publicacao71-iser-WEB.pdf pesquisa] lançada&nbsp;há pouco tempo pelo Instituto de Estudos da Religião (ISER), que coletou informações do ano de 2010 a 2015, aponta que a taxa de letalidade violenta - homicídios dolosos, mortes decorrentes de intervenção policial, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte - foi de 80 mortes para cada 100 mil habitantes na Baixada Fluminense, enquanto na cidade do Rio de Janeiro ficou em torno de 40 para cada 100 mil.</span></span></span></span>
<span style="line-height:150%"><span style="font-size:12.0pt"><span style="line-height:150%"><span style="font-family:">Para compreendermos a violência de Estado que assola o território, devemos olhar para os dados, a mídia e seu histórico. Um recente&nbsp;[https://drive.google.com/file/d/1QCULW6AgWzpbvYWK73g0koduI45jz5Ev/view estudo] publicado pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) indica que dos 5 Batalhões de Polícia Militar que mais matam no Rio de Janeiro, 4 estão na Baixada: Queimados, Belford-Roxo, Duque de Caxias e Mesquita. Outra [http://www.iser.org.br/site/wp-content/uploads/2013/12/2018-08-06-publicacao71-iser-WEB.pdf pesquisa] lançada&nbsp;há pouco tempo pelo Instituto de Estudos da Religião (ISER), que coletou informações do ano de 2010 a 2015, aponta que a taxa de letalidade violenta - homicídios dolosos, mortes decorrentes de intervenção policial, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte - foi de 80 mortes para cada 100 mil habitantes na Baixada Fluminense, enquanto na cidade do Rio de Janeiro ficou em torno de 40 para cada 100 mil.</span></span></span></span>
<p style="text-align:justify"><span style="line-height:150%"><span style="font-size:12.0pt"><span style="line-height:150%"><span style="font-family:">Para além das mortes provocadas pela Polícia Militar, devemos levar em consideração a participação das milícias e dos grupos de extermínio, que há décadas atuam na Baixada Fluminense. A maior chacina já noticiada da história do Rio de Janeiro, quando policiais/integrantes de grupos de extermínio assassinaram 29 pessoas entre os municípios de Nova Iguaçu e Queimados em março de 2005, nos permite perceber a organicidade entre a instituição da PM, o Estado e os “matadores”. Desse modo, para perceber o que é a violência de Estado no território, precisamos abranger as milícias e grupos de extermínio como parte do funcionamento da sua lógica.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="line-height:150%"><span style="font-size:12.0pt"><span style="line-height:150%"><span style="font-family:">Propor que essas organizações “ilegais” fazem parte do Estado na Baixada é apoiado pelo pesquisador José Claudio Alves (1998). De acordo com ele, a violência na região não reside em uma organização legal do Estado que estaria a favor da conspiração das classes dominantes, nem na incompetência em controlar a violência, mas na capacidade de o Estado ser permeável à violência ilegal.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="line-height:150%"><span style="font-size:12.0pt"><span style="line-height:150%"><span style="font-family:">Além disso, devemos também contextualizar as violências da Baixada Fluminense na sua história, a partir de um “coronelismo urbano” que se intensificou na região nos anos de 1930, como conta Alves (1998). A história do político e matador, Tenório Cavalcanti, o “grande saque” em Duque de Caxias, os efeitos da Ditadura Militar na Baixada, além da intensificação e exaltação dos grupos de extermínio, oferecem uma linha do tempo para pensarmos a “história” da violência de Estado na Baixada e tentarmos compreender qual a sua especificidade.</span></span></span></span></p>  
<p style="text-align:justify"><span style="line-height:150%"><span style="font-size:12.0pt"><span style="line-height:150%"><span style="font-family:">Para além das mortes provocadas pela Polícia Militar, devemos levar em consideração a participação das milícias e dos grupos de extermínio, que há décadas atuam na Baixada Fluminense. A maior chacina já noticiada da história do Rio de Janeiro, quando policiais/integrantes de grupos de extermínio assassinaram 29 pessoas entre os municípios de Nova Iguaçu e Queimados em março de 2005, nos permite perceber a organicidade entre a instituição da PM, o Estado e os “matadores”. Desse modo, para perceber o que é a violência de Estado no território, precisamos abranger as milícias e grupos de extermínio como parte do funcionamento da sua lógica.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="line-height:150%"><span style="font-size:12.0pt"><span style="line-height:150%"><span style="font-family:">Propor que essas organizações “ilegais” fazem parte do Estado na Baixada é apoiado pelo pesquisador José Claudio Alves (1998). De acordo com ele, a violência na região não reside em uma organização legal do Estado que estaria a favor da conspiração das classes dominantes, nem na incompetência em controlar a violência, mas na capacidade de o Estado ser permeável à violência ilegal.</span></span></span></span></p> <p style="text-align:justify"><span style="line-height:150%"><span style="font-size:12.0pt"><span style="line-height:150%"><span style="font-family:">Além disso, devemos também contextualizar as violências da Baixada Fluminense na sua história, a partir de um “coronelismo urbano” que se intensificou na região nos anos de 1930, como conta Alves (1998). A história do político e matador, Tenório Cavalcanti, o “grande saque” em Duque de Caxias, os efeitos da Ditadura Militar na Baixada, além da intensificação e exaltação dos grupos de extermínio, oferecem uma linha do tempo para pensarmos a “história” da violência de Estado na Baixada e tentarmos compreender qual a sua especificidade.</span></span></span></span></p>  
== <span style="line-height:150%">'''<span style="font-size:12.0pt"><span style="line-height:150%"><span style="font-family:">A "história" das violências</span></span></span>'''</span> ==
== <span style="line-height:150%">'''<span style="font-size:12.0pt"><span style="line-height:150%"><span style="font-family:">A "história" das violências</span></span></span>'''</span> ==