Asfixia: mudanças entre as edições
Sem resumo de edição |
Sem resumo de edição |
||
| Linha 11: | Linha 11: | ||
Segundo Houaiss (2009), a palavra “asfixia” também pode ser definida por derivação (sentido figurado), da seguinte forma: “sujeição à tirania; opressão e/ou cobrança de posições morais ou sociais que dão origem à privação de certas liberdades”. Faz-se imprescindível ressaltar que, para moradoras e moradores das favelas cariocas, esse sentido figurado do termo constrói experiências cotidianas e determinantes para suas rotinas. | Segundo Houaiss (2009), a palavra “asfixia” também pode ser definida por derivação (sentido figurado), da seguinte forma: “sujeição à tirania; opressão e/ou cobrança de posições morais ou sociais que dão origem à privação de certas liberdades”. Faz-se imprescindível ressaltar que, para moradoras e moradores das favelas cariocas, esse sentido figurado do termo constrói experiências cotidianas e determinantes para suas rotinas. | ||
Fazer essa referência ao sentido figurado do termo não exclui, no entanto, a aplicação do uso denotativo da palavra asfixia e do verbo asfixiar em meio ao léxico - e ações - das políticas de segurança pública. A utilização não se encerra na nomeação de operações violentas, mas marca as próprias práticas de violações de direitos ao compor o repertório de ações utilizado por estes agentes de estado quando estão em contato de proximidade com moradoras de moradores de favelas. Um dos casos emblemáticos da asfixia colocada em prática pelos agentes da segurança pública foi o homicídio de Paulo Roberto Pinho de Menezes: no dia 17 de outubro de 2013, Paulo Roberto, jovem, negro, de 18 anos, foi espancado até a morte por policiais da Unidade de Polícia Pacificadora de Manguinhos, onde morava. Dois meses após os fatos, um laudo complementar do Instituto Médico Legal comprovou que a morte do jovem ocorreu por "asfixia mecânica" e cinco policiais envolvidos no crime foram indiciados por lesão corporal seguida de morte. | Fazer essa referência ao sentido figurado do termo não exclui, no entanto, a aplicação do uso denotativo da palavra asfixia e do verbo asfixiar em meio ao léxico - e ações - das políticas de segurança pública. A utilização não se encerra na nomeação de operações violentas, mas marca as próprias práticas de violações de direitos ao compor o repertório de ações utilizado por estes agentes de estado quando estão em contato de proximidade com moradoras de moradores de favelas. Um dos casos emblemáticos da asfixia colocada em prática pelos agentes da segurança pública foi o homicídio de Paulo Roberto Pinho de Menezes: no dia 17 de outubro de 2013, Paulo Roberto, jovem, negro, de 18 anos, foi espancado até a morte por policiais da Unidade de Polícia Pacificadora de Manguinhos, onde morava (BARROS, 2016). Dois meses após os fatos, um laudo complementar do Instituto Médico Legal comprovou que a morte do jovem ocorreu por "asfixia mecânica" e cinco policiais envolvidos no crime foram indiciados por lesão corporal seguida de morte. | ||
Assim, quando se pensa em asfixia nos contextos urbanos militarizados, deve-se considerar também as mortes causadas por "asfixia mecânica" enquanto prática que compõe o repertório de ações de agentes da segurança pública. | |||
Referências bibliográficas: | Referências bibliográficas: | ||
BARROS, Rachel (2016). Urbanização e “pacificação” em Manguinhos. Um olhar etnográfico sobre sociabilidade e ações de governo. Tese de Doutorado –Universidade do Estado do Rio de Janeiro Instituto de Estudos Sociais e Políticos, 2016. | |||
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio Século XXI: o dicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1977. | FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio Século XXI: o dicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1977. | ||
