Marielle Franco: mudanças entre as edições

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== Semente ==
== Semente ==
<p style="text-align: justify;">Marielle Franco teve sua vida interrompida na noite de 14 de março de 2018, quando voltava para sua casa com seu motorista, Anderson Gomes, e sua amiga e assessora, Fernanda Chaves, única sobrevivente do atentado. Naquele dia, Marielle e outras mulheres negras realizaram a que seria a última atividade de Marielle “Jovens negras movendo as estruturas”, esta foi a última roda de conversa em que mulheres e toda a cidade puderam dialogar com Marielle. Na mesma noite, ainda atônitos com a notícia que parecia não fazer sentido, alguns militantes do PSOL, amigas e amigos próximos e assessoras de Marielle se reuniram para se abraçar. Enquanto isso, alguns eventos nas redes chamavam para uma mobilização na Cinelândia, em frente à Câmara Municipal, local que nitidamente nunca mais foi o mesmo após a passagem de Marielle.&nbsp;</p> <p style="text-align: justify;">E foi o que aconteceu. Logo pela manhã, enquanto acontecia o velório na parte interna da Câmara Municipal, a praça já estava tomada de pessoas, em sua maioria mulheres, exigindo respostas sobre o crime. Outras cidades brasileiras também realizaram protestos e vigílias em memória de Marielle. Ao longo do dia, as ruas do centro da cidade, entre a Cinelândia e a Praça XV, estavam tomadas. Era possível perceber uma grande maioria de mulheres, em especial jovens e negras, chorando e se abraçando pela perda de uma representante que há muito a esquerda sonhava eleger. Durante todo o dia, o noticiário brasileiro e internacional repercutiu as poucas informações que existiam sobre o crime. Artistas, intelectuais e políticos manifestaram indignação e tristeza pelas redes sociais.</p> <p style="text-align: justify;">No dia 18 de março, outra emocionante manifestação marcou os quatro dias do assassinato de Marielle no local que tanto fez parte de sua vida. Cerca de cinco mil pessoas se reuniram na Maré em uma marcha que ecoava “Marielle e Anderson Presentes”. Sete dias depois, outra manifestação tomou as ruas do centro, da Candelária à Cinelândia, terminando com um enorme ato inter religioso. No dia em que se completou um mês do crime, milhares de pessoas refizeram seu último trajeto e de Anderson, caminhando da Lapa ao Estácio.</p> <p style="text-align: justify;">Desde o dia 14 de março, mensalmente há mobilizações pelo Brasil e pelo mundo em memória de Marielle Franco. Uma das mais marcantes aconteceu quando políticos de extrema-direita, do partido do presidente Jair Bolsonaro, quebraram uma placa de sinalização com o nome Rua Marielle Franco. Uma mobilização realizada na internet arrecadou dinheiro para confecção de milhares de novas placas para que as pessoas pudessem guardar de lembrança e multiplicar a placa quebrada. Foram mais de 1700 placas distribuídas no dia, outras placas foram confeccionadas depois.&nbsp;</p> <p style="text-align: justify;">Marielle hoje é uma símbolo da luta internacional feminista e negra. Foi a principal homenageada de 8 de Março (Dia Internacional de Luta das Mulheres) de 2019. O dia 14 de Março agora também faz parte do calendário de lutas dos movimentos feministas, LGBTs, negros e outros. Após mais de um ano de seu assassinato, seu rosto, nome e frases continuam estampados em grafites, cartazes, placas e intervenções urbanas espalhados pelo mundo. Nomeia coletivos feministas, negros, LGBTs, universitários, pré-vestibulares, assentamentos e ocupações por moradia, e a Tribuna da Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Esta última, local onde por tantas vezes Marielle subiu para denunciar violações aos direitos humanos das mulheres, LGBTs, do povo negro e de favelas.</p> <p style="text-align: justify;">A frase que diz que Marielle virou semente se mostrou muito forte também durante o período eleitoral de 2018. Houve um considerável aumento de candidaturas de mulheres negras, refletindo também na eleição de algumas parlamentares negras, sobretudo nos partidos de esquerda. Em especial, três mulheres negras que compunham o mandato de Marielle Franco se candidataram e foram eleitas deputadas estaduais no Rio de Janeiro: Dani Monteiro, Mônica Francisco e Renata Souza.</p> <p style="text-align: justify;">Hoje, sua família e companheira são incansáveis na tarefa de representá-la mundo afora. As e os integrantes de sua mandata, suas amigas e amigos, companheiras e companheiros de partido e militância propagam a sua história e luta através de inúmeras iniciativas e registros dessa memória. Assim como estamos fazendo neste dicionário que leva seu nome.</p> <p style="text-align: justify;">Como ela disse em seu discurso de 8 de Março de 2018 &nbsp;“Não serei interrompida, não calarão a voz de uma mulher eleita”. Interromperam a sua vida, mas a trajetória de Marielle Franco,&nbsp;mulher negra, bissexual, em um relacionamento lésbico com o amor de sua vida, como ela mesma dizia, feminista e cria da favela, pautas que carregava em seu corpo e impressas na sua atuação política, continuará ecoando pelo mundo inteiro. '''Marielle, presente!'''</p>  
<p style="text-align: justify;">Marielle Franco teve sua vida interrompida na noite de 14 de março de 2018, quando voltava para sua casa com seu motorista, Anderson Gomes, e sua amiga e assessora, Fernanda Chaves, única sobrevivente do atentado. Naquele dia, Marielle e outras mulheres negras realizaram a que seria a última atividade de Marielle “Jovens negras movendo as estruturas”, esta foi a última roda de conversa em que mulheres e toda a cidade puderam dialogar com Marielle. Na mesma noite, ainda atônitos com a notícia que parecia não fazer sentido, alguns militantes do PSOL, amigas e amigos próximos e assessoras de Marielle se reuniram para se abraçar. Enquanto isso, alguns eventos nas redes chamavam para uma mobilização na Cinelândia, em frente à Câmara Municipal, local que nitidamente nunca mais foi o mesmo após a passagem de Marielle.&nbsp;</p> <p style="text-align: justify;">E foi o que aconteceu. Logo pela manhã, enquanto acontecia o velório na parte interna da Câmara Municipal, a praça já estava tomada de pessoas, em sua maioria mulheres, exigindo respostas sobre o crime. Outras cidades brasileiras também realizaram protestos e vigílias em memória de Marielle. Ao longo do dia, as ruas do centro da cidade, entre a Cinelândia e a Praça XV, estavam tomadas. Era possível perceber uma grande maioria de mulheres, em especial jovens e negras, chorando e se abraçando pela perda de uma representante que há muito a esquerda sonhava eleger. Durante todo o dia, o noticiário brasileiro e internacional repercutiu as poucas informações que existiam sobre o crime. Artistas, intelectuais e políticos manifestaram indignação e tristeza pelas redes sociais.</p> <p style="text-align: justify;">No dia 18 de março, outra emocionante manifestação marcou os quatro dias do assassinato de Marielle no local que tanto fez parte de sua vida. Cerca de cinco mil pessoas se reuniram na Maré em uma marcha que ecoava “Marielle e Anderson Presentes”. Sete dias depois, outra manifestação tomou as ruas do centro, da Candelária à Cinelândia, terminando com um enorme ato inter religioso. No dia em que se completou um mês do crime, milhares de pessoas refizeram seu último trajeto e de Anderson, caminhando da Lapa ao Estácio.</p> <p style="text-align: justify;">Desde o dia 14 de março, mensalmente há mobilizações pelo Brasil e pelo mundo em memória de Marielle Franco. Uma das mais marcantes aconteceu quando políticos de extrema-direita, do partido do presidente Jair Bolsonaro, quebraram uma placa de sinalização com o nome Rua Marielle Franco. Uma mobilização realizada na internet arrecadou dinheiro para confecção de milhares de novas placas para que as pessoas pudessem guardar de lembrança e multiplicar a placa quebrada. Foram mais de 1700 placas distribuídas no dia, outras placas foram confeccionadas depois.&nbsp;</p> <p style="text-align: justify;">Marielle hoje é uma símbolo da luta internacional feminista e negra. Foi a principal homenageada de 8 de Março (Dia Internacional de Luta das Mulheres) de 2019. O dia 14 de Março agora também faz parte do calendário de lutas dos movimentos feministas, LGBTs, negros e outros. Após mais de um ano de seu assassinato, seu rosto, nome e frases continuam estampados em grafites, cartazes, placas e intervenções urbanas espalhados pelo mundo. Nomeia coletivos feministas, negros, LGBTs, universitários, pré-vestibulares, assentamentos e ocupações por moradia, e a Tribuna da Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Esta última, local onde por tantas vezes Marielle subiu para denunciar violações aos direitos humanos das mulheres, LGBTs, do povo negro e de favelas.</p> <p style="text-align: justify;">A frase que diz que Marielle virou semente se mostrou muito forte também durante o período eleitoral de 2018. Houve um considerável aumento de candidaturas de mulheres negras, refletindo também na eleição de algumas parlamentares negras, sobretudo nos partidos de esquerda. Em especial, três mulheres negras que compunham o mandato de Marielle Franco se candidataram e foram eleitas deputadas estaduais no Rio de Janeiro: Dani Monteiro, Mônica Francisco e Renata Souza.</p> <p style="text-align: justify;">Hoje, sua família e companheira são incansáveis na tarefa de representá-la mundo afora. As e os integrantes de sua mandata, suas amigas e amigos, companheiras e companheiros de partido e militância propagam a sua história e luta através de inúmeras iniciativas e registros dessa memória. Assim como estamos fazendo neste dicionário que leva seu nome.</p> <p style="text-align: justify;">Como ela disse em seu discurso de 8 de Março de 2018 &nbsp;“Não serei interrompida, não calarão a voz de uma mulher eleita”. Interromperam a sua vida, mas a trajetória de Marielle Franco,&nbsp;mulher negra, bissexual, em um relacionamento lésbico com o amor de sua vida, como ela mesma dizia, feminista e cria da favela, pautas que carregava em seu corpo e impressas na sua atuação política, continuará ecoando pelo mundo inteiro. '''Marielle, presente!'''</p>
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== Ver também ==
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*[[Mapeamento_das_homenagens_a_Marielle_Franco|Mapeamento das homenegens a Marielle Franco]]
*[[Mapeamento_das_homenagens_a_Marielle_Franco|Mapeamento das homenegens a Marielle Franco]]
*[[Ninguém_solta_a_mão_de_ninguém_(depoimento)|Ninguém Solta a Mão de ninguém (depoimento)]]
*[[Ninguém_solta_a_mão_de_ninguém_(depoimento)|Ninguém Solta a Mão de ninguém (depoimento)]]
*[[UPP_–_a_redução_da_favela_a_três_letras|UPP - a redução da favela a três letras]]
*[[UPP_–_a_redução_da_favela_a_três_letras|UPP - a redução da favela a três letras]]
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