Drogas na Cidade de Deus: mudanças entre as edições
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A história da '''Cidade de Deus''' começa com uma ação violenta do Estado: a remoção compulsória de favelas de outras regiões da cidade do Rio de Janeiro, promovida sob o uso criminoso de invasões de domicílio, despejo e até incêndios, para realocar populações inteiras em conjuntos habitacionais que não contavam com infraestrutura de água encanada e potável e rede de saneamento básico, numa região distante dos locais de emprego e ocupação dessas populações. | A história da '''Cidade de Deus''' começa com uma ação violenta do Estado: a remoção compulsória de favelas de outras regiões da cidade do Rio de Janeiro, promovida sob o uso criminoso de invasões de domicílio, despejo e até incêndios, para realocar populações inteiras em conjuntos habitacionais que não contavam com infraestrutura de água encanada e potável e rede de saneamento básico, numa região distante dos locais de emprego e ocupação dessas populações. | ||
A distribuição discricionária dos serviços prestados pelo Estado à sociedade permanece como uma estratégia de ação, denunciada, nesse espaço, por sua presença precária ao longo das décadas subsequentes, estabelecendo um padrão de asfixia lento e constante que exila gerações do desenvolvimento e uso pleno de suas potencialidades. | |||
Entre as diversas formas associativas criadas no processo de sociabilidade pelas diferentes populações das favelas removidas àquele conjunto, denominado Cidade de Deus, tais como escolas de samba, associações de moradores, times de futebol, grupos ligados às pastorais da Igreja, temos as ligadas às ações criminosas como assaltos, roubos, venda de drogas, etc. As primeiras bocas de fumo eram abastecidas apenas de maconha e atendiam, especialmente, aos usuários locais, não necessariamente pessoas envolvidas com ações criminosas, mas antigos usuários, cujos hábitos remetiam a tradições de uso herdado de outras experiências de sociabilidade, outras formas de convivência e transgressão, que demarcavam estratégias de conformação de identidade pessoal e social em meio às relações comunitárias, no microcosmo das alianças locais. | Entre as diversas formas associativas criadas no processo de sociabilidade pelas diferentes populações das favelas removidas àquele conjunto, denominado Cidade de Deus, tais como escolas de samba, associações de moradores, times de futebol, grupos ligados às pastorais da Igreja, temos as ligadas às ações criminosas como assaltos, roubos, venda de drogas, etc. As primeiras bocas de fumo eram abastecidas apenas de maconha e atendiam, especialmente, aos usuários locais, não necessariamente pessoas envolvidas com ações criminosas, mas antigos usuários, cujos hábitos remetiam a tradições de uso herdado de outras experiências de sociabilidade, outras formas de convivência e transgressão, que demarcavam estratégias de conformação de identidade pessoal e social em meio às relações comunitárias, no microcosmo das alianças locais. | ||
