Artes urbanas e favelas: mudanças entre as edições
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==== As falas destacadas acima nos trazem várias características das artes artes urbanas: a importância dos corpos; o apreço pela questão estética e a qualidade da obra; as possibilidades de sua prática enquanto resistência; a diversidades das linguagens que a compõem: a música, as artes plásticas (como o grafite e a pichação), as representações teatrais (como os bate-bolas citados) - aos quais podemos somar a literatura, a dança, e o audiovisual; e, ainda, a rua, ou o espaço público como lugar predominante de sua manifestação. Aqui, não abordaremos todas essas dimensões, focaremos em duas delas (sem, contudo, deixar totalmente de lado, as demais): sua pluralidade e o espaço público como seu palco principal. ==== | |||
<p style="text-align: justify;">A cidade está longe de ser um lugar que possa ser compreendido em sua totalidade. Seus habitantes cultivam estilos particulares de entretenimento, mantém vínculos de sociabilidade e relacionamento, criam modos e padrões culturais diferenciados. Marcada, então, pela sua diversidade e heterogeneidade, a cidade se encontra como lugar privilegiado para análise de uma multiplicidade de atividades e formas de participação. Dentre essas formas de participação, as expressões artísticas, em suas diversas dimensões – sonoras, visuais e performativas –, têm se mostrado um objeto relevante para se pensar essa urbe. Como veremos na realização dos festivais circulando.</p> <p style="text-align: justify;">A rua, cada vez mais, tem se tornado palco de diferentes tipos de manifestações artísticas e culturais. Em uma caminhada vespertina pelo centro da cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, é possível ver músicos de rua, artistas circenses, entre outros que, encontram nesses espaços, lócus para suas atividades. Afastando-se um pouco da região central carioca, nota-se que em diversos bairros das Zonas Norte, Sul e Oeste, as praças também têm sido logradouro de manifestações deste cunho. As Rodas Culturais e, mais especificamente, a Roda de Olaria é um importante exemplo disso. </p> <p style="text-align: justify;"> </p> | |||
==== '''Artes urbanas e periferia ''' ==== | ==== '''Artes urbanas e periferia ''' ==== | ||
<p style="text-align: justify;">As relações entre cidade e favela, ou outras formas espaciais periféricas, podem ser pensadas, em suas diversas dimensões, sob a chave de uma dualidade: a importância dos corpos e energias de moradoras/es desses espaços são indispensáveis para o funcionamento da cidade como um todo; ao mesmo tempo em que há uma profunda necessidade de controle social destas populações, tendo em vista o tensionamento que sua circulação pelo espaço urbano causa. Sob este pano de fundo que devemos refletir sobre as artes urbanas produzidas e vivenciadas nas favelas. </p> <p style="text-align: justify;">O caráter indispensável de moradoras/es da periferia para o funcionamento da vida citadina foi ressaltado na realização da edição de 2017 do Circulando, com o lema: “o rolé das favelas produz cidade<ref>A cada ano, o Circulando tem um mote diferente e, em alguns deles, uma camisa com seu lema é vendida no evento. Em 2017 foi rolébilidade; em 2015, com o mote da memória, a camisa trazia o lema: “Meu nome é favela, minha história também”; e, em 2018, abordando a diversidade, o slogan foi “somos juntxs”. </ref>” - em termos concretos e simbólicos. O mote daquele ano era mobilidade urbana, ou melhor, “rolébilidade” - entendida como a forma de mobilidade periférica, com todas suas dificuldades e estratégias, desde a debilidade do transporte público até às circulações internas à favelas, pelos seus becos<ref>Ver o verbete “mobilidades”, neste dicionário. | <p style="text-align: justify;">As relações entre cidade e favela, ou outras formas espaciais periféricas, podem ser pensadas, em suas diversas dimensões, sob a chave de uma dualidade: a importância dos corpos e energias de moradoras/es desses espaços são indispensáveis para o funcionamento da cidade como um todo; ao mesmo tempo em que há uma profunda necessidade de controle social destas populações, tendo em vista o tensionamento que sua circulação pelo espaço urbano causa. Sob este pano de fundo que devemos refletir sobre as artes urbanas produzidas e vivenciadas nas favelas. </p> <p style="text-align: justify;">O caráter indispensável de moradoras/es da periferia para o funcionamento da vida citadina foi ressaltado na realização da edição de 2017 do Circulando, com o lema: “o rolé das favelas produz cidade<ref>A cada ano, o Circulando tem um mote diferente e, em alguns deles, uma camisa com seu lema é vendida no evento. Em 2017 foi rolébilidade; em 2015, com o mote da memória, a camisa trazia o lema: “Meu nome é favela, minha história também”; e, em 2018, abordando a diversidade, o slogan foi “somos juntxs”. </ref>” - em termos concretos e simbólicos. O mote daquele ano era mobilidade urbana, ou melhor, “rolébilidade” - entendida como a forma de mobilidade periférica, com todas suas dificuldades e estratégias, desde a debilidade do transporte público até às circulações internas à favelas, pelos seus becos<ref>Ver o verbete “mobilidades”, neste dicionário. | ||
