Artes urbanas e favelas: mudanças entre as edições

Sem resumo de edição
Sem resumo de edição
Linha 9: Linha 9:
<p style="text-align: justify;">A cidade está longe de ser um lugar que possa ser compreendido em sua totalidade. Seus habitantes cultivam estilos particulares de entretenimento, mantém vínculos de sociabilidade e relacionamento, criam modos e padrões culturais diferenciados. Marcada, então, pela sua diversidade e heterogeneidade, a cidade se encontra como lugar privilegiado para análise de uma multiplicidade de atividades e formas de participação. Dentre essas formas de participação, as expressões artísticas, em suas diversas dimensões – sonoras, visuais e performativas –, têm se mostrado um objeto relevante para se pensar essa urbe. Como veremos na realização dos festivais circulando.</p> <p style="text-align: justify;">A rua, cada vez mais, tem se tornado palco de diferentes tipos de manifestações artísticas e culturais. Em uma caminhada vespertina pelo centro da cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, é possível ver músicos de rua, artistas circenses, entre outros que, encontram nesses espaços, lócus para suas atividades. Afastando-se um pouco da região central carioca, nota-se que em diversos bairros das Zonas Norte, Sul e Oeste, as praças também têm sido logradouro de manifestações deste cunho. As Rodas Culturais e, mais especificamente, a Roda de Olaria é um importante exemplo disso.&nbsp;</p> <p style="text-align: justify;">&nbsp;</p>
<p style="text-align: justify;">A cidade está longe de ser um lugar que possa ser compreendido em sua totalidade. Seus habitantes cultivam estilos particulares de entretenimento, mantém vínculos de sociabilidade e relacionamento, criam modos e padrões culturais diferenciados. Marcada, então, pela sua diversidade e heterogeneidade, a cidade se encontra como lugar privilegiado para análise de uma multiplicidade de atividades e formas de participação. Dentre essas formas de participação, as expressões artísticas, em suas diversas dimensões – sonoras, visuais e performativas –, têm se mostrado um objeto relevante para se pensar essa urbe. Como veremos na realização dos festivais circulando.</p> <p style="text-align: justify;">A rua, cada vez mais, tem se tornado palco de diferentes tipos de manifestações artísticas e culturais. Em uma caminhada vespertina pelo centro da cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, é possível ver músicos de rua, artistas circenses, entre outros que, encontram nesses espaços, lócus para suas atividades. Afastando-se um pouco da região central carioca, nota-se que em diversos bairros das Zonas Norte, Sul e Oeste, as praças também têm sido logradouro de manifestações deste cunho. As Rodas Culturais e, mais especificamente, a Roda de Olaria é um importante exemplo disso.&nbsp;</p> <p style="text-align: justify;">&nbsp;</p>


==== '''Artes urbanas e periferia&nbsp;''' ====
 
==== Artes urbanas e periferia&nbsp; ====
<p style="text-align: justify;">As relações entre cidade e favela, ou outras formas espaciais periféricas, podem ser pensadas, em suas diversas dimensões, sob a chave de uma dualidade: a importância dos corpos e energias de moradoras/es desses espaços são indispensáveis para o funcionamento da cidade como um todo; ao mesmo tempo em que há uma profunda necessidade de controle social destas populações, tendo em vista o tensionamento que sua circulação pelo espaço urbano causa. Sob este pano de fundo que devemos refletir sobre as artes urbanas produzidas e vivenciadas nas favelas.&nbsp;</p> <p style="text-align: justify;">O caráter indispensável de moradoras/es da periferia para o funcionamento da vida citadina foi ressaltado na realização da edição de 2017 do Circulando, com o lema: “o rolé das favelas produz cidade<ref>A cada ano, o Circulando tem um mote diferente e, em alguns deles, uma camisa com seu lema é vendida no evento. Em 2017 foi rolébilidade; em 2015, com o mote da memória, a camisa trazia o lema: “Meu nome é favela, minha história também”; e, em 2018, abordando a diversidade, o slogan foi “somos juntxs”. </ref>” - em termos concretos e simbólicos. O mote daquele ano era mobilidade urbana, ou melhor, “rolébilidade” - entendida como a forma de mobilidade periférica, com todas suas dificuldades e estratégias, desde a debilidade do transporte público até às&nbsp; circulações internas à favelas, pelos seus becos<ref>Ver o verbete “mobilidades”, neste dicionário.
<p style="text-align: justify;">As relações entre cidade e favela, ou outras formas espaciais periféricas, podem ser pensadas, em suas diversas dimensões, sob a chave de uma dualidade: a importância dos corpos e energias de moradoras/es desses espaços são indispensáveis para o funcionamento da cidade como um todo; ao mesmo tempo em que há uma profunda necessidade de controle social destas populações, tendo em vista o tensionamento que sua circulação pelo espaço urbano causa. Sob este pano de fundo que devemos refletir sobre as artes urbanas produzidas e vivenciadas nas favelas.&nbsp;</p> <p style="text-align: justify;">O caráter indispensável de moradoras/es da periferia para o funcionamento da vida citadina foi ressaltado na realização da edição de 2017 do Circulando, com o lema: “o rolé das favelas produz cidade<ref>A cada ano, o Circulando tem um mote diferente e, em alguns deles, uma camisa com seu lema é vendida no evento. Em 2017 foi rolébilidade; em 2015, com o mote da memória, a camisa trazia o lema: “Meu nome é favela, minha história também”; e, em 2018, abordando a diversidade, o slogan foi “somos juntxs”. </ref>” - em termos concretos e simbólicos. O mote daquele ano era mobilidade urbana, ou melhor, “rolébilidade” - entendida como a forma de mobilidade periférica, com todas suas dificuldades e estratégias, desde a debilidade do transporte público até às&nbsp; circulações internas à favelas, pelos seus becos<ref>Ver o verbete “mobilidades”, neste dicionário.
</ref>; um circuito que tenta, com maior ou menor sucesso, controlar o rolé de faveladas/os na cidade, permitindo a circulação precária para o trabalho, mas restringindo-a com relação ao lazer. De todo modo, a “rolébilidade” também nos permite questionar se a arte periférica também não é fundamental para a vida urbana, cimentada pela força e criatividade favelada..&nbsp;</p> <p style="text-align: justify;">O circulando deu o papo reto: as favelas contribuem, literalmente, para a construção das cidades, com sua mão de obra e suor, todavia, pouco conseguem gozar da urbanidade que ela proporciona, sobretudo em termos de direitos, inclusive os culturais. Estes são limitados de, ao menos, duas maneiras: invisibilizando e criminalizando suas manifestações artísticas ou negando-lhes contato com outras produções, mesmo as mais mainstream. Por exemplo, o afastamento do cinema ou de teatros.&nbsp;</p> <p style="text-align: justify;">Com relação à criminalização da produção artística, é preciso ressaltar que as populações periféricas, em geral, também são construídas como “classes perigosas”. Um fenômeno histórico que remete ao processo de urbanização na Europa do século XIX, quando há uma intensa concentração demográfica nas cidades e, consequentemente, o desencadeamento de uma série de problemas ligados à vida nestes espaços. O que teria levado ao surgimento de uma “questão urbana” como objeto de reflexão das elites políticas e intelectuais. Neste processo, a miséria e o controle social de um contingente populacional tão grande se tornou um desafio quase intransponível. Uma das tentativas de solucioná-lo passou pela divisão das pessoas entre uma “classe operária respeitável”, que querem emprego, mas não o encontram e se comportam de modo disciplinado e moralmente aceito em sociedade; das massas empobrecidas, ou “classes perigosas”, incorrigíveis e incontroláveis, fonte de três perigos para as elites urbanas: o sanitário, o da criminalidade e da sublevação política (Topalov, 2015; Foucault, 2005).&nbsp;</p> <p style="text-align: justify;">Este último risco talvez seja a preocupação mais efetiva dessas elites urbanas, ainda que nem tanto das classes médias, capturadas pelo discurso do medo e da segurança pública. A predominância de um discurso que ressalta, cotidiana e midiaticamente, os perigos de uma “violência urbana” acaba compondo um dispositivo que justifica ações de controle dos riscos reais da transformação política desencadeada pelas classes ditas “perigosas”. Como, por exemplo, na criminalização de práticas artísticas faveladas ao longo da história do Rio de Janeiro que tinha como alvo o samba, no início do século XX, e passa a ter como inimigo no fim deste século e início do XXI, o funk. Ambas formas culturais que descrevem e, em alguma medida, denunciam as condições de vida de seus compositores.</p> <p style="text-align: justify;">Mas, essa criminalização não é um processo contra o qual não se poder resistir. A relação das elites urbanas com as populações periféricas é muito mais sutil e complexa, do que a de uma mera subordinação.&nbsp; E uma chave para entendermos isso é dada, novamente, por Christian Topalov (2015), historiador francês. Essa interação tomaria forma num jogo de apropriações e ressignificações de práticas realizado pelas elites urbanas e as populações mais pobres. Nas quais práticas populares de resistência são apreendidas por tais elites, que as reconfiguram de modo a esvaziá-las de seu teor político; ao mesmo tempo em que, ainda que em menor grau, práticas de controle social podem ser repensadas e reconstruídas de modo que possam também se tornar veículos de contestação social e políticas (Topalov, 2015).</p> <p style="text-align: justify;">Neste sentido, e voltando à questão do samba e do funk, vemos a complexidade de um dispositivo de controle social que é econômico e repressivo. Com o passar do tempo, esses ritmos foram depurados e aceitos em outros espaços da cidade. Assim, por exemplo, seguem as repressões às festas e eventos nas favelas, ao som de funk, principalmente, mas ainda do samba também, ao mesmo tempo em que essas músicas bombam em eventos caros das zonas mais abastadas da cidade, ou ao som do cantor Thiaguinho em sua “tardezinha” no estádio do Maracanã. Quer dizer, as práticas culturas periféricas são aceitas quando estão desassociadas de seus lugares de origem e entram em circuitos lucrativos da indústria cultural, mas seguem sendo marginalizadas quando são indóceis demais para serem controladas e entrarem no jogo econômico.&nbsp;</p> <p style="text-align: justify;">Por outro lado, há ressignificações também em sentido contrário, produzindo resistências. Isso podemos ver em eventos como a Roda de Olaria e o Circulando, onde práticas culturais de elites não são negadas, pelo contrário, são apropriadas e recebem um sentido político novo, de contestação e reinvenção de significados. Deste modo, por exemplo, o Circulando conta em muitas de suas edições com apresentações teatrais, levadas a cabo, pelo grupo Teatro da Laje, coordenado pelo professor Veríssimo Júnior; ou através da poesia, cujos limites são totalmente ampliados e transformados, sem perder seu lirismo, na Roda de Olaria.</p> <p style="text-align: justify;">Assim, tal como propomos aqui, pensar a relação entre as artes urbanas e a periferia é reconhecer que sua riqueza, diversidade e capacidade de ocupar o espaço público estão envolvidas numa complexa prática de criminalização que envolve uma seleção e depuração de práticas que podem atender a certos circuitos lucrativos (e que passam a ser legítimas e aceitas na sociedade) de outras que seguiram como ferramentas de controle social. Ao mesmo tempo em que, esse controle não é fácil e confortável, mas que é constantemente tensionado pela reinventidade (mote do Circulando de 2016) favelada e periférica, que produz ou ressignifica artes mais consagradas.&nbsp;</p> <p style="text-align: justify;">&nbsp;</p>  
</ref>; um circuito que tenta, com maior ou menor sucesso, controlar o rolé de faveladas/os na cidade, permitindo a circulação precária para o trabalho, mas restringindo-a com relação ao lazer. De todo modo, a “rolébilidade” também nos permite questionar se a arte periférica também não é fundamental para a vida urbana, cimentada pela força e criatividade favelada..&nbsp;</p> <p style="text-align: justify;">O circulando deu o papo reto: as favelas contribuem, literalmente, para a construção das cidades, com sua mão de obra e suor, todavia, pouco conseguem gozar da urbanidade que ela proporciona, sobretudo em termos de direitos, inclusive os culturais. Estes são limitados de, ao menos, duas maneiras: invisibilizando e criminalizando suas manifestações artísticas ou negando-lhes contato com outras produções, mesmo as mais mainstream. Por exemplo, o afastamento do cinema ou de teatros.&nbsp;</p> <p style="text-align: justify;">Com relação à criminalização da produção artística, é preciso ressaltar que as populações periféricas, em geral, também são construídas como “classes perigosas”. Um fenômeno histórico que remete ao processo de urbanização na Europa do século XIX, quando há uma intensa concentração demográfica nas cidades e, consequentemente, o desencadeamento de uma série de problemas ligados à vida nestes espaços. O que teria levado ao surgimento de uma “questão urbana” como objeto de reflexão das elites políticas e intelectuais. Neste processo, a miséria e o controle social de um contingente populacional tão grande se tornou um desafio quase intransponível. Uma das tentativas de solucioná-lo passou pela divisão das pessoas entre uma “classe operária respeitável”, que querem emprego, mas não o encontram e se comportam de modo disciplinado e moralmente aceito em sociedade; das massas empobrecidas, ou “classes perigosas”, incorrigíveis e incontroláveis, fonte de três perigos para as elites urbanas: o sanitário, o da criminalidade e da sublevação política (Topalov, 2015; Foucault, 2005).&nbsp;</p> <p style="text-align: justify;">Este último risco talvez seja a preocupação mais efetiva dessas elites urbanas, ainda que nem tanto das classes médias, capturadas pelo discurso do medo e da segurança pública. A predominância de um discurso que ressalta, cotidiana e midiaticamente, os perigos de uma “violência urbana” acaba compondo um dispositivo que justifica ações de controle dos riscos reais da transformação política desencadeada pelas classes ditas “perigosas”. Como, por exemplo, na criminalização de práticas artísticas faveladas ao longo da história do Rio de Janeiro que tinha como alvo o samba, no início do século XX, e passa a ter como inimigo no fim deste século e início do XXI, o funk. Ambas formas culturais que descrevem e, em alguma medida, denunciam as condições de vida de seus compositores.</p> <p style="text-align: justify;">Mas, essa criminalização não é um processo contra o qual não se poder resistir. A relação das elites urbanas com as populações periféricas é muito mais sutil e complexa, do que a de uma mera subordinação.&nbsp; E uma chave para entendermos isso é dada, novamente, por Christian Topalov (2015), historiador francês. Essa interação tomaria forma num jogo de apropriações e ressignificações de práticas realizado pelas elites urbanas e as populações mais pobres. Nas quais práticas populares de resistência são apreendidas por tais elites, que as reconfiguram de modo a esvaziá-las de seu teor político; ao mesmo tempo em que, ainda que em menor grau, práticas de controle social podem ser repensadas e reconstruídas de modo que possam também se tornar veículos de contestação social e políticas (Topalov, 2015).</p> <p style="text-align: justify;">Neste sentido, e voltando à questão do samba e do funk, vemos a complexidade de um dispositivo de controle social que é econômico e repressivo. Com o passar do tempo, esses ritmos foram depurados e aceitos em outros espaços da cidade. Assim, por exemplo, seguem as repressões às festas e eventos nas favelas, ao som de funk, principalmente, mas ainda do samba também, ao mesmo tempo em que essas músicas bombam em eventos caros das zonas mais abastadas da cidade, ou ao som do cantor Thiaguinho em sua “tardezinha” no estádio do Maracanã. Quer dizer, as práticas culturas periféricas são aceitas quando estão desassociadas de seus lugares de origem e entram em circuitos lucrativos da indústria cultural, mas seguem sendo marginalizadas quando são indóceis demais para serem controladas e entrarem no jogo econômico.&nbsp;</p> <p style="text-align: justify;">Por outro lado, há ressignificações também em sentido contrário, produzindo resistências. Isso podemos ver em eventos como a Roda de Olaria e o Circulando, onde práticas culturais de elites não são negadas, pelo contrário, são apropriadas e recebem um sentido político novo, de contestação e reinvenção de significados. Deste modo, por exemplo, o Circulando conta em muitas de suas edições com apresentações teatrais, levadas a cabo, pelo grupo Teatro da Laje, coordenado pelo professor Veríssimo Júnior; ou através da poesia, cujos limites são totalmente ampliados e transformados, sem perder seu lirismo, na Roda de Olaria.</p> <p style="text-align: justify;">Assim, tal como propomos aqui, pensar a relação entre as artes urbanas e a periferia é reconhecer que sua riqueza, diversidade e capacidade de ocupar o espaço público estão envolvidas numa complexa prática de criminalização que envolve uma seleção e depuração de práticas que podem atender a certos circuitos lucrativos (e que passam a ser legítimas e aceitas na sociedade) de outras que seguiram como ferramentas de controle social. Ao mesmo tempo em que, esse controle não é fácil e confortável, mas que é constantemente tensionado pela reinventidade (mote do Circulando de 2016) favelada e periférica, que produz ou ressignifica artes mais consagradas.&nbsp;</p> <p style="text-align: justify;">&nbsp;</p>
 
==== '''&nbsp;A Roda de Olaria''' ====
==== '''&nbsp;A Roda de Olaria''' ====
<p style="text-align: justify;">As rodas culturais também nos permitem perceber como a arte urbana e periférica, em suas múltiplas dimensões, é capaz de cimentar a vida na cidade ressignificando o espaço público. É possível contabilizar mais de cem rodas culturais que ocorrem diariamente, em diversos lugares da cidade, com a participação aberta a todo e qualquer artista e de forma gratuita (Alves, 2016). Em grande medida, elas se configuram como eventos independentes, sem aportes financeiros ou institucionais de prefeituras e secretarias de cultura, cuja finalidade é ocupar o espaço público para incentivar, valorizar e promover arte, cultura e entretenimento gratuito para os mais diversos habitantes citadinos.&nbsp;</p> <p style="text-align: justify;">''As Rodas Culturais são uma teia de artistas e trabalhadores independentes, como poetas, fotógrafos, Mcs, músicos, grafiteiros, artistas plásticos, artistas circenses, atores, profissionais do audiovisual, esportistas urbanos etc. Essa rede unifica, intensifica e expande a sustentabilidade da cultura de rua dos bairros cariocas<ref>Disponível em: <https://www.facebook.com/pg/circuitocariocaderitmoepoesia/about/?ref=page_internal>. Acesso em: 29/02/2020.</ref>.''</p> <p style="text-align: justify;">Foi na 3ª edição do Vamos Desenrolar sobre Arte Urbana que Rico, MC e produtor cultural da Roda de Olaria<ref>A Roda de Olaria possuía até o ano de 2018 três produtores culturais: Laércio Soares Corrêa, Bruno Teixeira e Felippe Massal. Eles são conhecidos por seus amigos mais próximos como Rico, Bruno Xédom ou “Xerélos” e Massal. Rico é MC e lutador de Jiu-Jtsu, Bruno é tatuador e grafiteiro, e Felippe Massal faz graduação em Direito é responsável por fazer as filmagens das batalhas e fotografias do evento. </ref> falou sobre a importância deste tipo de evento na construção dos espaços que geralmente são reconhecidos como vazios ou ausentes de políticas públicas culturais. Em contrapartida, o MC ressaltou uma série de dificuldades que a Roda de Olaria<ref>Bem como outras Rodas Culturais cariocas.</ref> sempre enfrentou desde que começou a ocupar as Quadras Gêmeas em 2012.</p> <p style="text-align: justify;">Segundo Rico, no início era apenas um encontro despretencioso de amigos MCs que, nas noites de quintas-feiras, levavam violões e cajóns para a praça, e se sentavam em roda para conversar e improvisar algumas rimas sob uma tenda branca. Com o passar do tempo o público foi ficando cada vez maior e as Quadras Gêmeas passaram a se tornar palco de um encontro protagonizado por pessoas de diferentes faixas etárias, moradores do bairro de Olaria e adjacências.</p> <p style="text-align: justify;">No entanto, Rico afirmou que a história da Roda de Olaria é de uma luta constante por conta de uma série de problemáticas que os produtores precisavam administrar: desde a falta de dinheiro para alugar os equipamentos, negociações para conseguir o Nada Opor<ref>Alvará de Autorização Transitória para eventos em geral: culturais, sociais, desportivos, religiosos e quaisquer outros que promovam concentrações de pessoas. No caso das rodas culturais, este alvará precisava ser emitido pelo Batalhão da Polícia Militar do bairro.
<p style="text-align: justify;">As rodas culturais também nos permitem perceber como a arte urbana e periférica, em suas múltiplas dimensões, é capaz de cimentar a vida na cidade ressignificando o espaço público. É possível contabilizar mais de cem rodas culturais que ocorrem diariamente, em diversos lugares da cidade, com a participação aberta a todo e qualquer artista e de forma gratuita (Alves, 2016). Em grande medida, elas se configuram como eventos independentes, sem aportes financeiros ou institucionais de prefeituras e secretarias de cultura, cuja finalidade é ocupar o espaço público para incentivar, valorizar e promover arte, cultura e entretenimento gratuito para os mais diversos habitantes citadinos.&nbsp;</p> <p style="text-align: justify;">''As Rodas Culturais são uma teia de artistas e trabalhadores independentes, como poetas, fotógrafos, Mcs, músicos, grafiteiros, artistas plásticos, artistas circenses, atores, profissionais do audiovisual, esportistas urbanos etc. Essa rede unifica, intensifica e expande a sustentabilidade da cultura de rua dos bairros cariocas<ref>Disponível em: <https://www.facebook.com/pg/circuitocariocaderitmoepoesia/about/?ref=page_internal>. Acesso em: 29/02/2020.</ref>.''</p> <p style="text-align: justify;">Foi na 3ª edição do Vamos Desenrolar sobre Arte Urbana que Rico, MC e produtor cultural da Roda de Olaria<ref>A Roda de Olaria possuía até o ano de 2018 três produtores culturais: Laércio Soares Corrêa, Bruno Teixeira e Felippe Massal. Eles são conhecidos por seus amigos mais próximos como Rico, Bruno Xédom ou “Xerélos” e Massal. Rico é MC e lutador de Jiu-Jtsu, Bruno é tatuador e grafiteiro, e Felippe Massal faz graduação em Direito é responsável por fazer as filmagens das batalhas e fotografias do evento. </ref> falou sobre a importância deste tipo de evento na construção dos espaços que geralmente são reconhecidos como vazios ou ausentes de políticas públicas culturais. Em contrapartida, o MC ressaltou uma série de dificuldades que a Roda de Olaria<ref>Bem como outras Rodas Culturais cariocas.</ref> sempre enfrentou desde que começou a ocupar as Quadras Gêmeas em 2012.</p> <p style="text-align: justify;">Segundo Rico, no início era apenas um encontro despretencioso de amigos MCs que, nas noites de quintas-feiras, levavam violões e cajóns para a praça, e se sentavam em roda para conversar e improvisar algumas rimas sob uma tenda branca. Com o passar do tempo o público foi ficando cada vez maior e as Quadras Gêmeas passaram a se tornar palco de um encontro protagonizado por pessoas de diferentes faixas etárias, moradores do bairro de Olaria e adjacências.</p> <p style="text-align: justify;">No entanto, Rico afirmou que a história da Roda de Olaria é de uma luta constante por conta de uma série de problemáticas que os produtores precisavam administrar: desde a falta de dinheiro para alugar os equipamentos, negociações para conseguir o Nada Opor<ref>Alvará de Autorização Transitória para eventos em geral: culturais, sociais, desportivos, religiosos e quaisquer outros que promovam concentrações de pessoas. No caso das rodas culturais, este alvará precisava ser emitido pelo Batalhão da Polícia Militar do bairro.