Literatura Marginal Periférica: mudanças entre as edições
Sem resumo de edição |
Sem resumo de edição |
||
| Linha 1: | Linha 1: | ||
<p class="CxSpFirst" style="text-align:justify">Autora: [https://wikifavelas.com.br/index.php?title=Usuário:Gracinda Gracinda Barros]</p> <p class="CxSpFirst" style="text-align:justify"><span style="line-height:150%"><span style="font-size:12.0pt"><span style="line-height:150%"><span style="font-family:">A literatura marginal periférica é uma cena literária que se desenvolve a partir da década de 90, com a chamada “literatura de favelas”. No início dos anos 2000, o termo ‘marginal’ aparece associado a um perfil sociológico de produção literária: autores que moravam ou já haviam morado nas grandes periferias do espaço urbano brasileiro, em sua grande maioria, da periferia de São Paulo, que começaram a ganhar espaço no cenário editorial. Temas como o cotidiano das favelas, a violência, a falta de recursos, o descaso e abuso das autoridades, entre outros, passaram a fazer parte de uma narrativa, até então, carente de notoriedade na literatura brasileira.</span></span></span></span></p> <p class="CxSpMiddle" style="margin-bottom:6.0pt; text-align:justify"><span style="line-height:150%"><span style="text-autospace:none"><span style="font-size:12.0pt"><span style="line-height:150%"><span style="font-family:">A linguagem utilizada nas obras também é uma característica marcante dessa vertente da produção literária contemporânea: marcada pela língua coloquial, gírias específicas das comunidades e do cenário hip-hop, muitas vezes aproximando-se da oralidade e se contrapondo provocativamente à norma culta.</span></span></span></span></span></p> <p class="CxSpMiddle" style="text-align:justify"><span style="line-height:150%"><span style="font-size:12.0pt"><span style="line-height:150%"><span style="font-family:">O termo “literatura marginal dos marginalizados” foi cunhado pelo escritor Ferréz, com o intuito de dissociar a cena periférica do movimento poético da década de 70.</span></span></span><span style="font-size:12.0pt"><span style="line-height:150%"><span style="font-family:">Apesar da visibilidade garantida pelo termo, existem entre os próprios autores problematizações em torno da rubrica ‘literatura marginal’. Como destaca Érica Peçanha Nascimento<ref>NASCIMENTO, Érica Peçanha. Vozes Marginais na Literatura. Rio de Janeiro, Aeroplano: 2009.</ref>, o termo marginal, associado à literatura, assumiu diferentes significados, variando de acordo com as características dos autores ou obras e das definições geradas pela imprensa ou pelos estudiosos. Entretanto, embora gere controvérsias, a marca agregou um conjunto de escritores que se balizaram pela expressão e atribuem a ela suas obras, trazendo à tona a realidade e o espaço de sujeitos subalternos. Alguns autores defendem o termo “literatura marginal periférica” ou somente “literatura periférica”. O ponto de convergência</span></span></span><span style="font-size:12.0pt"><span style="line-height:150%"><span style="font-family:">desses escritores está articulado às experiências de vida, criando uma identidade coletiva: ser morador da periferia urbana faz com que se vivencie a marginalidade social.</span></span></span></span></p> <p class="CxSpMiddle" style="text-align:justify"><span style="line-height:150%"><span style="font-size:12.0pt"><span style="line-height:150%"><span style="font-family:">Com o aumento da visibilidade, a literatura marginal periférica não pode mais ser considerada à margem da tradição literária brasileira, ou do mercado editorial</span></span></span><span style="font-size:12.0pt"><span style="line-height:150%"><span style="font-family:">, mas é produzida por quem foi excluído social e economicamente. O principal aspecto seria, nesse sentido, o fato de ser produzida por autores da periferia, permitindo um olhar interno sobre a experiência da marginalização social e cultural e uma estética própria que dialogue com essa realidade.</span></span></span></span></p> <p class="CxSpMiddle" style="text-align:justify"><span style="line-height:150%"><span style="font-size:12.0pt"><span style="line-height:150%"><span style="font-family:">Outro fator de destaque é o engajamento político e social presente não apenas nas obras literárias, mas na constante preocupação com a sua circulação e com o acesso a diferentes formas de bens culturais. Embora não existam estudos sistemáticos sobre a distribuição da literatura marginal e qual é efetivamente o perfil de seu leitor, os autores que se identificam com a literatura marginal periférica garantem que grande parte de suas obras literárias seja de livre distribuição em redes sociais, ''blogs'', iniciativas de tiragens populares, como a editora ''Selo Povo'', ou difundidas em importantes cenas culturais como a ''Cooperifa'', ''1daSul , Balada Literária'', além de projetos e intervenções em escolas públicas, palestras, oficinas, encontros e saraus.</span></span></span></span></p> <div> | <p class="CxSpFirst" style="text-align:justify">Autora: [https://wikifavelas.com.br/index.php?title=Usuário:Gracinda Gracinda Barros]</p> <p class="CxSpFirst" style="text-align:justify"><span style="line-height:150%"><span style="font-size:12.0pt"><span style="line-height:150%"><span style="font-family:">A literatura marginal periférica é uma cena literária que se desenvolve a partir da década de 90, com a chamada “literatura de favelas”. No início dos anos 2000, o termo ‘marginal’ aparece associado a um perfil sociológico de produção literária: autores que moravam ou já haviam morado nas grandes periferias do espaço urbano brasileiro, em sua grande maioria, da periferia de São Paulo, que começaram a ganhar espaço no cenário editorial. Temas como o cotidiano das favelas, a violência, a falta de recursos, o descaso e abuso das autoridades, entre outros, passaram a fazer parte de uma narrativa, até então, carente de notoriedade na literatura brasileira.</span></span></span></span></p> <p class="CxSpMiddle" style="margin-bottom:6.0pt; text-align:justify"><span style="line-height:150%"><span style="text-autospace:none"><span style="font-size:12.0pt"><span style="line-height:150%"><span style="font-family:">A linguagem utilizada nas obras também é uma característica marcante dessa vertente da produção literária contemporânea: marcada pela língua coloquial, gírias específicas das comunidades e do cenário hip-hop, muitas vezes aproximando-se da oralidade e se contrapondo provocativamente à norma culta.</span></span></span></span></span></p> <p class="CxSpMiddle" style="text-align:justify"><span style="line-height:150%"><span style="font-size:12.0pt"><span style="line-height:150%"><span style="font-family:">O termo “literatura marginal dos marginalizados” foi cunhado pelo escritor Ferréz, com o intuito de dissociar a cena periférica do movimento poético da década de 70.</span></span></span><span style="font-size:12.0pt"><span style="line-height:150%"><span style="font-family:">Apesar da visibilidade garantida pelo termo, existem entre os próprios autores problematizações em torno da rubrica ‘literatura marginal’. Como destaca Érica Peçanha Nascimento<ref>NASCIMENTO, Érica Peçanha. Vozes Marginais na Literatura. Rio de Janeiro, Aeroplano: 2009.</ref>, o termo marginal, associado à literatura, assumiu diferentes significados, variando de acordo com as características dos autores ou obras e das definições geradas pela imprensa ou pelos estudiosos. Entretanto, embora gere controvérsias, a marca agregou um conjunto de escritores que se balizaram pela expressão e atribuem a ela suas obras, trazendo à tona a realidade e o espaço de sujeitos subalternos. Alguns autores defendem o termo “literatura marginal periférica” ou somente “literatura periférica”. O ponto de convergência</span></span></span><span style="font-size:12.0pt"><span style="line-height:150%"><span style="font-family:">desses escritores está articulado às experiências de vida, criando uma identidade coletiva: ser morador da periferia urbana faz com que se vivencie a marginalidade social.</span></span></span></span></p> <p class="CxSpMiddle" style="text-align:justify"><span style="line-height:150%"><span style="font-size:12.0pt"><span style="line-height:150%"><span style="font-family:">Com o aumento da visibilidade, a literatura marginal periférica não pode mais ser considerada à margem da tradição literária brasileira, ou do mercado editorial</span></span></span><span style="font-size:12.0pt"><span style="line-height:150%"><span style="font-family:">, mas é produzida por quem foi excluído social e economicamente. O principal aspecto seria, nesse sentido, o fato de ser produzida por autores da periferia, permitindo um olhar interno sobre a experiência da marginalização social e cultural e uma estética própria que dialogue com essa realidade.</span></span></span></span></p> <p class="CxSpMiddle" style="text-align:justify"><span style="line-height:150%"><span style="font-size:12.0pt"><span style="line-height:150%"><span style="font-family:">Outro fator de destaque é o engajamento político e social presente não apenas nas obras literárias, mas na constante preocupação com a sua circulação e com o acesso a diferentes formas de bens culturais. Embora não existam estudos sistemáticos sobre a distribuição da literatura marginal e qual é efetivamente o perfil de seu leitor, os autores que se identificam com a literatura marginal periférica garantem que grande parte de suas obras literárias seja de livre distribuição em redes sociais, ''blogs'', iniciativas de tiragens populares, como a editora ''Selo Povo'', ou difundidas em importantes cenas culturais como a ''Cooperifa'', ''1daSul , Balada Literária'', além de projetos e intervenções em escolas públicas, palestras, oficinas, encontros e saraus.</span></span></span></span></p> <div> </div> | ||
[[Category:Literatura]] | |||
<div | |||
