Condutores de Memória: mudanças entre as edições

Diegsf (discussão | contribs)
Sem resumo de edição
Diegsf (discussão | contribs)
Sem resumo de edição
Linha 1: Linha 1:
=   =


O projeto Condutores de Memória foi realizado entre os anos de 1999 e 2006 no Morro do Borel, e algumas favelas da Grande Tijuca, no Rio de Janeiro. Através do resgate da memória a iniciativa visava construir representações positivas sobre o morador desses espaços, como contraponto às imagens correntes ligadas ao tráfico de drogas e violência urbana.
O projeto Condutores de Memória foi realizado entre os anos de 1999 e 2006 no Morro do Borel, e algumas favelas da Grande Tijuca, no Rio de Janeiro. Através do resgate da memória a iniciativa visava construir representações positivas sobre o morador desses espaços, como contraponto às imagens correntes ligadas ao tráfico de drogas e violência urbana.


== '''Betinho e a Agenda Social Rio''' ==
=== '''Betinho e a Agenda Social Rio''' ===
<p style="text-align:justify">Em 1996, por iniciativa do sociólogo Herbet de Souza, o Betinho, por ocasião da candidatura da cidade do Rio de Janeiro como sede das Olimpíadas de 2004. Foi criada a Agenda Social Rio. Originalmente idealizada como um amplo movimento social, a proposta da Agenda Social visava o estabelecimento de um compromisso entre diversos setores da sociedade civil e do estado do Rio de Janeiro na construção de uma cidade mais solidária e democrática, para, desse modo, melhorar a qualidade de vida.</p> <p style="text-align:justify">A partir dessa iniciativa, a ideia ganhou força própria e, embora a candidatura do Rio de Janeiro tenha sido eliminada, a articulação em torno das metas iniciais definidas pela Agenda Social se consolidou. Para sua realização, era preciso escolher uma área da cidade onde algumas ações pudessem ser desenvolvidas inicialmente.</p> <p style="text-align:justify">Por concentrar um grande número de favelas, além da marcada identidade que a caracteriza no espaço urbano do Rio de Janeiro, a área escolhida foi a região da Grande Tijuca, na Zona Norte da cidade, que reunia os bairros do Alto da Boa Vista, Andaraí, Vila Isabel, Grajaú, Maracanã, Praça da Bandeira e Tijuca. Esse conjunto de bairros corresponde às VIII e IX Regiões Administrativas do Rio de Janeiro, totalizando 366.567 mil habitantes. Naquela época, desse total, aproximadamente 13% moravam nas 29 favelas existentes na região.</p> <p style="text-align:justify">Atuando por meio da mobilização da população local, a Agenda Social Rio acabou por reunir representantes dos bairros e das comunidades da região, grupos culturais e de jovens, representantes de religiões, escolas públicas e privadas, empresas e diversas instituições governamentais, todos e todas empenhados na proposição e implementação de políticas públicas mais inclusivas, que reduzissem as desigualdades sociais. Tal objetivo passava necessariamente pela questão da urbanização das favelas e sua integração ao espaço da cidade, que se tornou, então, o foco principal das ações implementadas pela Agenda Social Rio.</p> <p style="text-align:justify">Nesse contexto de ação política, surgiu o projeto Condutores(as) de Memória. Inicialmente um projeto da Agenda Social Rio, acabou por constituir-se numa das bases da proposta de criação de um centro de memória da Grande Tijuca. No caso do Condutores(as) de Memória, a ideia concebida em 1999 por três educadoras comunitárias, moradoras do Borel e da Casa Branca, ganhou corpo e se expandiu para além dos limites de suas próprias comunidades e da Grande Tijuca, contribuindo para a reconstrução das representações sobre as favelas e da identidade de sua população por meio do resgate da memória coletiva desses espaços urbanos.</p> <p style="text-align:justify">O projeto foi fruto de uma parceria de moradores locais com Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), no âmbito da Agenda Social Rio. Pretendeu usar a memória local, tanto sua tomada através de depoimentos e de documentos pessoais quanto sua transmissão e preservação de seus itens materiais, como um instrumento de problematizar e propor alternativas às representações das favelas e de seus moradores como agentes da violência.</p>  
<p style="text-align:justify">Em 1996, por iniciativa do sociólogo Herbet de Souza, o Betinho, por ocasião da candidatura da cidade do Rio de Janeiro como sede das Olimpíadas de 2004. Foi criada a Agenda Social Rio. Originalmente idealizada como um amplo movimento social, a proposta da Agenda Social visava o estabelecimento de um compromisso entre diversos setores da sociedade civil e do estado do Rio de Janeiro na construção de uma cidade mais solidária e democrática, para, desse modo, melhorar a qualidade de vida.</p> <p style="text-align:justify">A partir dessa iniciativa, a ideia ganhou força própria e, embora a candidatura do Rio de Janeiro tenha sido eliminada, a articulação em torno das metas iniciais definidas pela Agenda Social se consolidou. Para sua realização, era preciso escolher uma área da cidade onde algumas ações pudessem ser desenvolvidas inicialmente.</p> <p style="text-align:justify">Por concentrar um grande número de favelas, além da marcada identidade que a caracteriza no espaço urbano do Rio de Janeiro, a área escolhida foi a região da Grande Tijuca, na Zona Norte da cidade, que reunia os bairros do Alto da Boa Vista, Andaraí, Vila Isabel, Grajaú, Maracanã, Praça da Bandeira e Tijuca. Esse conjunto de bairros corresponde às VIII e IX Regiões Administrativas do Rio de Janeiro, totalizando 366.567 mil habitantes. Naquela época, desse total, aproximadamente 13% moravam nas 29 favelas existentes na região.</p> <p style="text-align:justify">Atuando por meio da mobilização da população local, a Agenda Social Rio acabou por reunir representantes dos bairros e das comunidades da região, grupos culturais e de jovens, representantes de religiões, escolas públicas e privadas, empresas e diversas instituições governamentais, todos e todas empenhados na proposição e implementação de políticas públicas mais inclusivas, que reduzissem as desigualdades sociais. Tal objetivo passava necessariamente pela questão da urbanização das favelas e sua integração ao espaço da cidade, que se tornou, então, o foco principal das ações implementadas pela Agenda Social Rio.</p> <p style="text-align:justify">Nesse contexto de ação política, surgiu o projeto Condutores(as) de Memória. Inicialmente um projeto da Agenda Social Rio, acabou por constituir-se numa das bases da proposta de criação de um centro de memória da Grande Tijuca. No caso do Condutores(as) de Memória, a ideia concebida em 1999 por três educadoras comunitárias, moradoras do Borel e da Casa Branca, ganhou corpo e se expandiu para além dos limites de suas próprias comunidades e da Grande Tijuca, contribuindo para a reconstrução das representações sobre as favelas e da identidade de sua população por meio do resgate da memória coletiva desses espaços urbanos.</p> <p style="text-align:justify">O projeto foi fruto de uma parceria de moradores locais com Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), no âmbito da Agenda Social Rio. Pretendeu usar a memória local, tanto sua tomada através de depoimentos e de documentos pessoais quanto sua transmissão e preservação de seus itens materiais, como um instrumento de problematizar e propor alternativas às representações das favelas e de seus moradores como agentes da violência.</p>  
== '''As idealizadoras''' ==
== '''As idealizadoras''' ==