Chácara do Céu: mudanças entre as edições
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<p style="text-align:justify">Ao chegar na Chácara do Céu é possível pensar que você foi transportado para uma pequena cidade bem distante do barulho e da correria que se encontra numa cidade como o Rio de Janeiro. Na Chácara do Céu, atualmente existe um capela que foi desativada e se tornou um espaço de oferta de cursos e realizações comunitárias, tem a sede da Associação Projeto Roda Viva, uma creche Santa Mônica, parceria da Secretaria Municipal de Educação com a ONG Ação Comunitária e, a base da Unidade de Polícia Pacificadora que atende ao Complexo do Borel, desde 2010.</p> | <p style="text-align:justify">Ao chegar na Chácara do Céu é possível pensar que você foi transportado para uma pequena cidade bem distante do barulho e da correria que se encontra numa cidade como o Rio de Janeiro. Na Chácara do Céu, atualmente existe um capela que foi desativada e se tornou um espaço de oferta de cursos e realizações comunitárias, tem a sede da Associação Projeto Roda Viva, uma creche Santa Mônica, parceria da Secretaria Municipal de Educação com a ONG Ação Comunitária e, a base da Unidade de Polícia Pacificadora que atende ao Complexo do Borel, desde 2010.</p> | ||
== '''Muita luta e união''' == | == '''Muita luta e união''' == | ||
<p style="text-align:justify">A ocupação da Chácara do Céu começou pelo menos quarenta anos depois do Borel, o fenômeno pode ser explicado pela distância da rua principal , a Rua São Miguel, a dificuldade de se estabelecer tão alto e o ainda pequeno desenvolvimento do Morro da Casa Branca, que depois vai estar interligado à Chácara do Céu, assim como Morro do Cruz, acessado pelo Andaraí.</p> <p style="text-align:justify">Mas o nome Chácara do Céu vem ainda das primeiras décadas do século XX, quando imigrantes vieram em busca de trabalho e de uma vida melhor. Na parte mais alta do morro, morava um senhor português, João de Souza, mais conhecido como Zé do Bode. É comum ouvir a história de que ele tinha uma grande horta, com muitos legumes e verduras, além de criação de porcos, bodes e até cavalos. Segundo os membros mais antigos da comunidade, quando vinham comprar os seus produtos, as pessoas diziam: “Aqui parece uma chácara do céu”. Essa comparação acabou nomeando a comunidade.</p> <p style="text-align:justify">O que não se sabe ao certo é o grau de veracidade desta história que se soma a muitos outros “mitos de fundação” da localidade. Mas é mesmo na década de 1970, com a chegada de organizações filantrópicas e da Igreja Católica, que é possível observar um movimento maior inclusive, de luta pela moradia.</p> <p style="text-align:justify">Vale lembrar que neste período a organização do Borel e da Casa Branca já estavam mais consolidadas, assim como o histórico de lutas por direito à moradia no Borel, registrado em diversos trabalhos acadêmicos e no livro As lutas do povo do Borel, de Manoel Gomes. Enquanto isso, na Chácara do Céu tinha registro de pequenas moradias em condições mais precarizadas e até mesmo de um interesse especulativo sobre os terrenos no alto do morro. Cercada por vários morros, a Chácara possuía naquele momento uma das vistas mais bonitas da cidade. Conta-se que empresas queriam o espaço para a construção de um hotel.</p> <p style="text-align:justify">Mas o que se estabeleceu ali foi uma comunidade de trocas bastante interessante que se ajudou muito no processo de permanência e na melhoria das condições de vida. Muitas casas foram erguidas sob mutirões animados. Da mesma forma foram pensados os primeiros sistemas de abastecimento de água, a partir das fontes nas matas.</p> <p style="text-align:justify">Naquela época, a Chácara do Céu vivia quase que as mesmas dificuldades de uma pequena cidade do interior do país onde também não havia luz elétrica. Tudo o que os moradores podiam fazer era garantir a iluminação por meio dos lampiões de querosene.A construção das casas seguia o padrão das casas das primeiras favelas, assentadas em estuque, madeirite, zinco e sapê. Os moradores costumam lembrar da aflição que sofriam em dias de vento forte, quando havia o risco de as folhas de zinco que serviam de telhado voarem, deixando muitas casas descobertas.</p> <p style="text-align:justify">Quando acontecia algo desse tipo, os moradores se organizavam para ajudar. No período das chuvas, o transtorno era ainda maior, pois, mesmo com o telhado, chovia no interior das casas. Muitos moradores lembram de que as famílias utilizavam fogão à lenha e contam também da dificuldade em ter de lavar roupas em uma bica que ficava na Rua São Miguel. Sempre fico pensando na distância que deveria ser muito maior, uma vez que hoje, com estradas pavimentadas e caminhos construídos, a distância é enorme para quem percorre a pé.</p> | <p style="text-align:justify">[[File:Chacaramoradores.png|center|566x393px|Moradores no alto da Chácara do Céu]]</p> <p style="text-align:justify">A ocupação da Chácara do Céu começou pelo menos quarenta anos depois do Borel, o fenômeno pode ser explicado pela distância da rua principal , a Rua São Miguel, a dificuldade de se estabelecer tão alto e o ainda pequeno desenvolvimento do Morro da Casa Branca, que depois vai estar interligado à Chácara do Céu, assim como Morro do Cruz, acessado pelo Andaraí.</p> <p style="text-align:justify">Mas o nome Chácara do Céu vem ainda das primeiras décadas do século XX, quando imigrantes vieram em busca de trabalho e de uma vida melhor. Na parte mais alta do morro, morava um senhor português, João de Souza, mais conhecido como Zé do Bode. É comum ouvir a história de que ele tinha uma grande horta, com muitos legumes e verduras, além de criação de porcos, bodes e até cavalos. Segundo os membros mais antigos da comunidade, quando vinham comprar os seus produtos, as pessoas diziam: “Aqui parece uma chácara do céu”. Essa comparação acabou nomeando a comunidade.</p> <p style="text-align:justify">O que não se sabe ao certo é o grau de veracidade desta história que se soma a muitos outros “mitos de fundação” da localidade. Mas é mesmo na década de 1970, com a chegada de organizações filantrópicas e da Igreja Católica, que é possível observar um movimento maior inclusive, de luta pela moradia.</p> <p style="text-align:justify">Vale lembrar que neste período a organização do Borel e da Casa Branca já estavam mais consolidadas, assim como o histórico de lutas por direito à moradia no Borel, registrado em diversos trabalhos acadêmicos e no livro As lutas do povo do Borel, de Manoel Gomes. Enquanto isso, na Chácara do Céu tinha registro de pequenas moradias em condições mais precarizadas e até mesmo de um interesse especulativo sobre os terrenos no alto do morro. Cercada por vários morros, a Chácara possuía naquele momento uma das vistas mais bonitas da cidade. Conta-se que empresas queriam o espaço para a construção de um hotel.</p> <p style="text-align:justify">Mas o que se estabeleceu ali foi uma comunidade de trocas bastante interessante que se ajudou muito no processo de permanência e na melhoria das condições de vida. Muitas casas foram erguidas sob mutirões animados. Da mesma forma foram pensados os primeiros sistemas de abastecimento de água, a partir das fontes nas matas.</p> <p style="text-align:justify">Naquela época, a Chácara do Céu vivia quase que as mesmas dificuldades de uma pequena cidade do interior do país onde também não havia luz elétrica. Tudo o que os moradores podiam fazer era garantir a iluminação por meio dos lampiões de querosene.A construção das casas seguia o padrão das casas das primeiras favelas, assentadas em estuque, madeirite, zinco e sapê. Os moradores costumam lembrar da aflição que sofriam em dias de vento forte, quando havia o risco de as folhas de zinco que serviam de telhado voarem, deixando muitas casas descobertas.</p> <p style="text-align:justify">Quando acontecia algo desse tipo, os moradores se organizavam para ajudar. No período das chuvas, o transtorno era ainda maior, pois, mesmo com o telhado, chovia no interior das casas. Muitos moradores lembram de que as famílias utilizavam fogão à lenha e contam também da dificuldade em ter de lavar roupas em uma bica que ficava na Rua São Miguel. Sempre fico pensando na distância que deveria ser muito maior, uma vez que hoje, com estradas pavimentadas e caminhos construídos, a distância é enorme para quem percorre a pé.</p> | ||
== '''Favela-Bairro''' == | == '''Favela-Bairro''' == | ||
<p style="text-align:justify">É na década de 1990 que as intervenções urbanísticas chegam à Chácara do Céu com o programa Favela-Bairro. As mudanças foram muito significativas pois foi a primeira vez que o governo fez a implantação da rede de saneamento básico, levando água e esgoto às residências. Também foi ampliado o reservatório de água e construído o campo de futebol, emblemático e que antes era apenas um campinho de barro.</p> <p style="text-align:justify">Outra intervenção importante foi a pavimentação do acesso que leva os moradores da Chácara do Céu ao bairro do Andaraí e a criação de uma estrada que a liga ao Morro da Casa Branca. Essa estrada é bastante famosa por ser pouco utilizada por veículos, uma vez que é muito íngreme. Com a pavimentação dos acessos, a Chácara do Céu está oficialmente ligada às favelas do Borel, Casa Branca e Morro do Cruz.</p> | <p style="text-align:justify">É na década de 1990 que as intervenções urbanísticas chegam à Chácara do Céu com o programa Favela-Bairro. As mudanças foram muito significativas pois foi a primeira vez que o governo fez a implantação da rede de saneamento básico, levando água e esgoto às residências. Também foi ampliado o reservatório de água e construído o campo de futebol, emblemático e que antes era apenas um campinho de barro.</p> <p style="text-align:justify">Outra intervenção importante foi a pavimentação do acesso que leva os moradores da Chácara do Céu ao bairro do Andaraí e a criação de uma estrada que a liga ao Morro da Casa Branca. Essa estrada é bastante famosa por ser pouco utilizada por veículos, uma vez que é muito íngreme. Com a pavimentação dos acessos, a Chácara do Céu está oficialmente ligada às favelas do Borel, Casa Branca e Morro do Cruz.</p> | ||
== '''Unidade de Polícia Pacificadora''' == | == '''Unidade de Polícia Pacificadora''' == | ||
<p style="text-align:justify">Em 2010, com a chegada da Unidade de Polícia Pacificadora ao Borel e que ligou às favelas ao que se convencionou naquele momento a chamar Complexo do Borel, a Chácara do Céu é escolhida como local para receber a sede da unidade, uma vez que dispunha de uma vista privilegiada e fácil acesso às outras favelas do “Complexo”. Até hoje a sede da UPP está localizada bem ao lado do Campo de Futebol da Chácara, onde foram realizados muitos eventos na fase de “ouro” das UPPs.</p> <p style="text-align:justify">{{#evu:https://www.youtube.com/watch?v=_WaTmL1pB7k}}</p> | <p style="text-align:justify">Em 2010, com a chegada da Unidade de Polícia Pacificadora ao Borel e que ligou às favelas ao que se convencionou naquele momento a chamar Complexo do Borel, a Chácara do Céu é escolhida como local para receber a sede da unidade, uma vez que dispunha de uma vista privilegiada e fácil acesso às outras favelas do “Complexo”. Até hoje a sede da UPP está localizada bem ao lado do Campo de Futebol da Chácara, onde foram realizados muitos eventos na fase de “ouro” das UPPs.</p> <p style="text-align:justify">{{#evu:https://www.youtube.com/watch?v=_WaTmL1pB7k}}</p> | ||
== '''Batalha do Passinho''' == | == '''Batalha do Passinho''' == | ||
<p style="text-align:justify">Em 2011 foi realizada na Chácara do Céu uma das etapas da Batalha do Passinho. O evento movimentou a favela e é sempre lembrado pelos moradores, que se queixam da falta de atividades culturais por ali.</p> <p style="text-align:justify">{{#evu:https://www.youtube.com/watch?v=PLvI-bvo_XQ}}</p> | <p style="text-align:justify">Em 2011 foi realizada na Chácara do Céu uma das etapas da Batalha do Passinho. O evento movimentou a favela e é sempre lembrado pelos moradores, que se queixam da falta de atividades culturais por ali.</p> <p style="text-align:justify">{{#evu:https://www.youtube.com/watch?v=PLvI-bvo_XQ}}</p> | ||
